Ter crescido num bairro problemático da Amadora, onde a droga era uma realidade permanente e demasiado próxima, não ditou o destino de João Jesus. Na verdade, o ator nunca se recusou a sonhar e fez dos sonhos realidade quando, aos 15 anos, começou a estudar teatro. Apesar de este ter sido o seu berço na representação, João saiu do anonimato com o filme Os Gatos Não Têm Vertigens e desde então os projetos, seja em televisão, teatro ou cinema, não pararam de surgir. É com o olhar cheio de sonhos e de força que encara o caminho que ainda pretende percorrer nesta área. E é com um tom assertivo, mas ao mesmo tempo doce, que fala da vida, de si e da relação que mantém com a atriz Joana Ribeiro, e que pretende proteger ao máximo.
– Fernando Pessoa escreveu: “Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.” Consegue fazer isso ou está sempre a olhar para a curva na estrada?
João Jesus – Isso é engraçado, porque ele diz para não nos preocuparmos com o que está para além da curva. E eu não me preocupo muito para além da curva, fico concentrado no presente, na melhor forma de o construir para poder ter um bom futuro.
– É naturalmente otimista?
– Ando a trabalhar para isso… Honestamente, não vejo o pessimismo como uma coisa negativa, o que é estranho e quase contraditório. Muitas vezes é quando estamos mais em baixo que conseguimos ter uma reflexão profunda e dar a volta às coisas. Viver na superficialidade de que tudo está bem e naquele otimismo forçado não funciona. Às vezes preciso mesmo de estar triste, porque o mundo é muito bonito mas tem muita tragédia. E esquecermo-nos disso é apenas estranho.
– São as nossas circunstâncias que influenciam a forma como olhamos para a vida?
– Sim, a experiência conta muito. Tudo o que nos acontece molda-nos um bocadinho. Provou-se agora que o caráter não é apenas genético. Ou seja, a personalidade altera-se consoante o que vais vivendo. Portanto, o que recebemos é importante e pode fazer toda a diferença.
Uma entrevista para ler na íntegra na edição 1245 da CARAS