Foi em Almada, berço de algumas das maiores bandas do nosso país, que António Manuel Ribeiro e alguns dos elementos iniciais dos UHF cresceram. Agora, o grupo de rock tem o seu percurso exposto nas paredes do Museu da Cidade de Almada. Guitarras, fotografias inéditas, letras de canções e muitos prémios fazem parte da exposição UHF pela Estrada do Rock – 1978/2019. “Quando a exposição foi inaugurada, no dia 1 de junho, e subi ao palco, fiquei até emocionado, porque me lembrei dos quatro miúdos que éramos na altura, sem nada, com muitas dificuldades… Não havia importações, e conseguir comprar o que quer que fosse para compormos a banda era muito difícil, mas nós tínhamos uma grande vontade. E 40 anos depois, uma data a que nunca pensei chegar, reviver tudo isso emocionou-me. Tudo o que está nestas paredes é emoção, criação nossa”, referiu António Manuel, o líder dos UHF.
Coube ao vocalista, de 64 anos, fornecer o espólio que depois foi selecionado pelo museu, o que, sem se dar conta, o ajudou a ter a perfeita noção das horas de estrada, dos palcos pisados e das músicas cantadas: “O meu trabalho foi sobretudo ver fotos. Vi quase nove mil, em papel e digital, fiz a cronologia, corrigi as datas das escolhidas, dei algumas opiniões, em especial na escolha das guitarras, e fiz o levantamento estatístico, que é uma coisa avassaladora. Demos cerca de 1770 concertos e vendemos quase cinco milhões e meio de canções… Nunca me tinha apercebido destes números e o quanto revelam desta vida.”
Apesar de ter visitado a exposição no dia da inauguração, a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, teve entretanto direito a uma visita guiada pelo músico, ficando assim a saber ainda mais sobre a história da banda almadense. “É um privilégio ter esta exposição no concelho e dar a oportunidade aos fãs de visitar o percurso dos UHF, uma banda que fez parte da vida de todos nós e que nos traz com certeza recordações de diversas épocas nas mais variadas músicas”, referiu a autarca.