Sentia que algo não estava bem, mas estava longe de admitir que tinha atingido o seu limite físico e emocional. Cristina Amaro, autora e apresentadora do programa Imagens de Marca, que se mantém há 15 anos na SIC Notícias, foi obrigada a abrandar o ritmo quando, na sequência de dois desmaios, tomou consciência da gravidade do seu estado de saúde. Sofria de burnout, termo inglês usado pelos três médicos que consultou e que define uma síndrome associada a um estado de exaustão, e foi forçada a reagir. Hoje, garante, abranda aos primeiros sinais de cansaço. “Sou uma abençoada, porque a vida não me parou quando me podia ter parado, e agora sinto que tenho o dever de provar que valeu a pena”, frisou a apresentadora, de 49 anos, nesta entrevista, que decorreu numa das praias da Comporta.
– Quando é que percebeu que algo estava errado?
Cristina Amaro – Curiosamente, foi pouco depois de ter regressado de férias. O ano passado fiz pela primeira vez um mês seguido de férias e, quando regressei, sentia-me na mesma cansada. Em outubro comecei a perceber que havia qualquer coisa no meu corpo que não era normal e decidi ir ao médico. Na altura, ele avisou-me de que deveria abrandar o ritmo e eu pedi-lhe que me receitasse umas vitaminas e que iria ficar tudo bem. Mas não ficou. Andei muitos meses em autonegação, a fingir que ia aguentar, até que, no início de dezembro, senti que tinha atingido o meu limite. O meu corpo e a minha mente paravam, tinha bloqueios, cheguei mesmo a ter de abandonar reuniões a meio. Decidi fazer uma pausa de uma semana, mas, como havia muitos assuntos a tratar, o computador acabou por ficar ao meu colo. Portanto, não foi bem uma pausa… Uns dias antes do Natal desmaiei duas vezes seguidas em casa, durante a noite.
– Estava acompanhada pelo seu marido, calculo?
– Estava, mas assustei-me imenso. Acordei maldisposta e levantei-me para ir à casa de banho. Fui invadida por uma onda de suores frios e tremores que não conseguia controlar. Quando tentei chamar o Pedro [Alves], já não consegui. Fiz um esforço gigante para chegar à cama e consegui dizer-lhe que estava maldisposta antes de cair para o lado. Ele assustou-se, naturalmente, e foi buscar-me Água das Pedras, porque eu achava que era uma paragem de digestão.
– Desvalorizou o episódio?
– Completamente. No segundo desmaio ele acordou-me e eu pedi-lhe para chamar o 112. Quando os bombeiros chegaram, achei estranho fazerem perguntas sobre um eventual aperto no coração e braço dormente. Percebi que estavam a fazer um despiste de ataque cardíaco e aí fiquei mesmo assustada. Fui para o hospital, mas os médicos não conseguiram detetar exatamente o que tinha sido. Aconselharam uma dieta e uns dias de descanso sob vigilância. Em janeiro, mês que ia ser muito exigente, porque era o aniversário do Imagens de Marca e havia uma série de coisas para preparar, não tinha força anímica para nada. A minha equipa disse-me para não me preocupar, que tratava de tudo e eu só tinha que estar presente no aniversário. No dia 31 de janeiro acabei por trabalhar das 7 da manhã à meia-noite, e à noite estava em casa sozinha e acordei com os mesmos sintomas. Entrei em pânico. Na sequência disto, fiquei uma semana em casa, porque o médico me disse que tinha mesmo de parar. E foi aí que me falou a sério do burnout.
Uma entrevista para ler na íntegra na edição 1256 da CARAS.