Ricardo Santos
É de mãos dadas com os filhos, João, de 24 anos, e Manuel, de 19, que Manuela Couto, de 55 anos, se aproxima de nós, mostrando bem a relação cúmplice entre os três. A forma como passeiam despreocupados à beira-Tejo, usufruindo plenamente o momento que estão a viver, é o melhor testemunho do carinho e amor que sentem uns pelos outros. E é com essa verdade e com essa emoção que a atriz rege tudo na sua vida, seja pessoal ou profissionalmente. Por isso, e apesar de confessar ainda ser cedo para falar o que quer que seja, Manuela deixou no ar a impressão de que o seu casamento de quase 30 anos com o geólogo Pedro Terrinha já viveu melhores dias.
– É incontornável começar a nossa conversa pelo que salta logo à vista, que é a relação de extrema cumplicidade que parece ter com os seus filhos…
Manuela Couto – Sim, é muito boa e divertimo-nos muito quando estamos os três. Com o tempo, habitualmente torna-se mais complicado, porque os filhos crescem e começam a afastar-se dos pais, mas eu tenho tido a sorte de que assim não seja. Faço muita questão de estar muito perto deles, sobretudo emocionalmente, já que fisicamente não ando atrás deles e nem sou muito mãe-galinha. Gosto muito que eles encontrem o seu caminho e que saiam de casa, tenham amigos, passeiem… Isso para mim é superimportante.
– Com a idade que eles têm é quase como se estivesse a receber o retorno daquilo que lhes dedicou. Vê-se que eles gostam de estar consigo…
– Julgo que sim… Procuro ser muito transparente com eles, porque acho que a mentira é uma coisa horrível. E eles também o são comigo. Acho que têm orgulho em mim…
– E a relação entre os dois também é assim forte?
– Na prática, no dia a dia não se dão muito, porque têm cinco anos de diferença e o João já não mora connosco, mas gostam imenso um do outro, protegem-se muito um ao outro. Este verão estivemos de férias os três, mais a namorada do João, e o Manel levantava-se sempre mais tarde e o João levava-lhe o pequeno-almoço à cama. É uma ternura ver a relação deles. O João sempre foi muito adulto, e se tenho um problema é com ele que falo, e ele faz exatamente com o irmão o mesmo que faz comigo, pergunta-lhe: “O que precisas? O que aconteceu? Como vamos solucionar?”
– O João é, de certa forma, o cuidador da família?
– Sem tirar esse lugar ao pai deles, neste nosso triângulo é ele, sim. O que cuida, o que resolve os problemas, e sempre foi assim desde pequeno. É muito proativo e está sempre a dizer que na vida não há problemas, só soluções. E espero que a vida dele seja sempre assim, com resultados.
– Acha que o facto de ele ser sobredotado fez com que vivesse as coisas de uma forma mais acelerada?
– Não, ele sempre viveu tudo no timming dito normal, a atitude dele é que sempre foi de mais velho. É muito seguro.
