Passaram mais de cinco anos desde que Angelina Jolie se submetera a uma dupla mastectomia para prevenir o cancro e quatro desde o momento em que retirou os ovários e as trompas de falópio para minimizar as probabilidade de sofrer da doença que vitimou mortalmente a mãe, a avó e a tia.
Angelina fez um relato comovente sobre o seu historial médico para tentar esclarecer os avanços na pesquisa, tratamento e saúde da mulher, bem como os direitos das mulheres em todo o mundo. A atriz escreveu um artigo para a revista ‘Time’ onde abriu o coração sobre a batalha da sua falecida mãe, as opções que tomou para sobreviver e a importância de tratar o cancro não apenas do ponto de vista médico, mas também da sua saúde mental, bem-estar emocional e segurança física.
“Fiz uma mastectomia dupla e depois removi os ovários e as trompas de falópio, o que reduziu significativamente, mas não eliminou completamente, o meu risco de desenvolver cancro. Perguntam-me muitas vezes como as minhas decisões médicas me afetaram e sinto que tomei decisões para aumentar as minhas oportunidades de estar aqui para ver os meus filhos crescerem e conhecer os meus netos.” A atriz é mãe de seis filhos com o seu ex-marido, Brad Pitt: Maddox, de 18 anos, Pax, de 15, Zahara, de 14, Shiloh, de 13 e os gémeos Knox e Vivienne, de 11.
A mãe de Jolie, Marcheline Bertrand, quis assegurar-se que a sua filha não passava pela mesma doença, algo que a atriz confirma nas suas palavras: “Enquanto estava no corredor à espera do corpo da minha mãe para ser recolhido e levado para ser cremado, o médico dela disse-me que lhe tinha prometido que se asseguraria de que me informariam sobre as minhas opções médicas”, o que incluía, é claro, cirurgias preventivas.
“As mulheres, geralmente, têm um risco de 13% de desenvolver cancro da mama ao longo da sua vida. Eu tinha um risco estimado de 87% de desenvolver a doença e um risco de 50% de ter cancro dos ovários. Devido ao meu elevado risco, os especialistas recomendaram-me fazer cirurgias de prevenção”, explicou mais à frente.
Emocionada ao lembrar a mãe, mostrou o seu lado mais esperançoso: “A minha mãe lutou contra a doença durante uma década e chegou aos 56 anos. A minha avó morreu aos quarenta e tal anos. espero que as minhas escolhas me permitam viver um pouco mais.”
A atriz não esquece as preocupações rotineiras, como ‘check ups’ periódicos e reconheceu sentir “mudanças no seu corpo”, mas garante sentir-se mais unida a outras mulheres, particularmente quando desconhecidos a abordam para falar de saúde e da família. “As pessoas também me perguntam sobre as cicatrizes físicas que eu arrasto. Acho que nossas cicatrizes nos lembram o que vencemos. Elas fazem parte do que nos torna únicos”, sublinha.
A estrela de Hollywood lembrou ainda a importância de abordar a saúde feminina de uma forma holística, abrangendo a saúde mental, o bem-estar emocional e a segurança física.
“Sem isso pode haver uma falsa sensação de que uma mulher está a ser cuidada, quando na verdade ela está a desmoronar devido a outras pressões na sua vida que não estão a ser alvo de atenção. Agora entendo que muitas vezes nos focamos no cancro ou noutra doença específica isso afeta uma mulher em particular, mas negligenciamos o diagnóstico mais amplo: a sua situação familiar, a sua segurança e se ela está a sofrer de stress que está a prejudicar a sua saúde. Todas as descobertas médicas que prolongam as nossas vidas são bem-vindas”, conclui.