Joana Aguiar, de 21 anos, sempre teve na irmã gémea, Inês, a sua grande companheira e confidente. Apesar de serem, como diz, “muito parecidas” (aos olhos da maior parte das pessoas são iguais), a atriz nunca perdeu a sua individualidade, reconhecendo que o reflexo que vê no espelho é o seu e é único. Sem sinais de egocentrismo ou de competição, Joana tem trilhado ao lado da irmã um caminho na moda e na representação, sem nunca deixarem que os interesses em comum melindrem a relação.
Criativa, pragmática, trabalhadora e dedicada à família, aos amigos e ao namorado, Miguel Marques, a atriz e estudante de Gestão sabe bem quem é e que sonhos quer realizar, como revelou durante esta conversa.
– Ainda vibra com o Natal?
Joana Aguiar – Sim, sempre adorei o Natal, mas acho que se vive esta época de forma muito materialista. No meu caso, sempre o encarei como um tempo privilegiado para estarmos em família. Reunimo-nos muitas vezes, mas no Natal é especial.
– Quando se cresce com uma irmã gémea, as memórias de Natal ainda devem ser mais especiais. Pediam as mesmas prendas ou abriam os presentes uma da outra, por exemplo?
– Sim, abríamos os presentes uma da outra. Cada uma fazia a sua lista, víamos o que a outra ia pedir e nunca repetíamos, para termos mais presentes. Sempre gostámos de partilhar. É algo que nos foi incutido, até porque temos mais irmãs. Partilhar sempre foi uma palavra de ordem lá em casa. Não me faz sentido pensar na vida em família se não tiver como base esse valor.
– E no meio de mais três irmãs foi fácil encontrar o seu espaço?
– Sim, encontrei sempre o meu espaço. Eu e a minha irmã andámos na mesma escola, mas em turmas diferentes, o que foi bom. E fizemos desportos diferentes, o que nos levou a ter experiência distintas. Somos muito parecidas fisicamente, mas temos personalidades muito diferentes. Cada uma cresceu à sua maneira.
– Mas acabaram por enveredar pelas mesmas áreas profissionais. Essa partilha de interesses tem sido positiva ou ingrata para a vossa relação?
– Gosto de encarar tudo de forma positiva. Acredito que em Portugal, que é um país com um mercado pequeno, não é fácil gerir duas pessoas que têm a mesma imagem e trabalham na mesma área. Contudo, acho que também pode ser uma vantagem. Tenho o sonho de vir a trabalhar regularmente ao lado da minha irmã. Individualmente, conseguimos trabalhar, porque as pessoas já perceberam que somos diferentes e que temos capacidades distintas, o que é ótimo. Lá fora seria mais fácil, por isso temos o desejo de estudar e trabalhar no estrangeiro, até para alargarmos os nossos horizontes.
– Mas é preciso ter muita maturidade para nunca terem competido nem deixado que isso melindrasse a vossa relação…
– O facto de trabalharmos na mesma área nunca melindrou a nossa relação. Nunca falámos de trabalho de uma forma negativa. Temos uma relação de irmãs. É a primeira pessoa a quem ligo quando quero contar qualquer coisa ou preciso de uma opinião. Mas acho que não é por sermos gémeas, e sim por sermos irmãs. Sei que lhe posso ligar a qualquer hora. É assim que deve ser com os irmãos.
– O que a levou a interessar-se pela representação?
– Sempre fiz anúncios. Ouvi muitos ‘nãos’, mas comecei a fazer cursos de teatro, de representação e de cinema e passei a interessar-me por esta área. Depois, quando comecei a fazer novelas, percebi que gostava mesmo disto.
– E nunca houve hesitações? Sabe que é mesmo por aqui o caminho?
– Tenho um plano B. Estou no 3.º ano do curso de Gestão, porque sei que a representação é uma área muito instável. Conheço-me e sei que não conseguiria estar muito tempo sem trabalhar. Não consigo estar à espera que as coisas aconteçam. Adoro representação e quando terminar Gestão quero estudar teatro, mas sei que é importante ter outra saída.
– Gestão é uma área muito objetiva e racional e a representação permite-lhe expressar a criatividade. Sente que precisa de trabalhar esses dois lados para se sentir realizada?
– Sim. Os dois lados são importantes. Qualquer pessoa que trabalhe com artes percebe que temos de pôr cá para fora as nossas emoções, e gosto muito disso. Contudo, também adoro ciências exatas, porque me dão uma sensação de segurança. Mas sinto que tenho de arriscar mais, estou na idade certa para isso. Neste momento, preciso mesmo de papéis que me desafiem. Quero ter personagens que me levem para outro nível e que me obriguem a trabalhar todas as minhas vertentes.
– Aos 21 anos, o que se espera da vida?
– Tudo! Não sei nada e espero aprender muito. Gosto muito de ouvir e estou disponível para isso. Quero ler, aprender e estudar. O meu maior sonho é poder formar-me e ter desafios que me levem mais longe enquanto atriz. Mas sei que tenho de trabalhar muito, porque as coisas não caem do céu. Por isso quero trilhar um caminho que possa dizer que é meu e para o qual tenha de facto trabalhado e dado o meu melhor.
– Para si, parece não haver frustrações; quando não corre tão bem, o importante é encontrar alternativas…
– Sim, porque tenho outros mundos. Tenho de me agarrar a todas as coisas boas que tenho. A vida não pode ser só a representação e o trabalho. Tenho a minha vida pessoal e isso mantém-me os pés bem assentes na terra. Não fico agarrada ao que corre menos bem.
– Crescer numa família numerosa ajuda a manter os pés assentes na terra?
– Sim. Somos todos muito unidos. Aprendemos uns com os outros e partilhamos as coisas boas que nos acontecem. Uma família numerosa ensina-nos a saber ouvir e a partilhar.
– Há pouco falava que precisa de papéis que a desafiem. A personagem que representou na novela Nazaré encheu-lhe as medidas?
– Sim, sem dúvida. Quando os ensaios começaram, fiquei com medo de não conseguir superar o desafio. Depois percebi que iria conseguir e foi ótimo, porque foi um excelente trabalho de equipa. A novela está a ser um sucesso também por isso. Houve muitos ensaios e uma grande união entre todos. Conheci pessoas maravilhosas e desenvolvi relações muito especiais.
– Já há novos projetos?
– Ainda não, mas quero muito abraçar um novo projeto. Gostava muito de voltar a fazer cinema e adorava fazer teatro, porque nunca fiz.
– Recentemente apareceu num evento público com o seu namorado, Miguel. Consegue equilibrar a sua vida pessoal com a profissional?
– As nossas relações são importantes e o meu namorado é uma parte da minha vida. Já namoramos há algum tempo e gosto de ter tempo para nós.
– Imagina-se a casar e a ter filhos?
– Ainda não penso nisso. Estou a aproveitar o momento. Nunca fui de pensar muito em casar e ter filhos. As coisas vão acontecendo naturalmente. Neste momento estou ótima. Vivo um dia de cada vez.
CARAS EDIÇÃO 1271