Há vários anos que Nuno Rogeiro é considerado um dos grandes analistas nas áreas da estratégia, defesa e segurança internacionais. Na SIC ou na imprensa escrita, o comentador explica de forma direta o que se passa no mundo, denunciando realidades que põem em causa os direitos humanos e que apelam ao nosso sentido de humanidade. E é precisamente isso que faz com o seu mais recente livro, O Cabo do Medo – O Daesh em Moçambique 2019-2020, uma obra em que aprofunda a perseguição feita pelo autoproclamado Estado Islâmico às populações de Cabo Delgado, em Moçambique, um conflito que já soma centenas de mortos e mais de 250 mil deslocados, vítimas de atos terroristas, que se intensificaram desde o início de 2020.
Enquanto escrevia este livro, que, literalmente, lhe tirou o sono, o analista também teve de lidar com um drama pessoal que o fez repensar a vida e redefinir prioridades. Em fevereiro, depois de sair do trabalho, o seu filho, António, de 25 anos, foi brutalmente atropelado na zona da Cidade Universitária, em Lisboa, ficando entre a vida e a morte. Ter de lidar com a convalescença do filho e com os pedidos de ajuda de várias famílias de Cabo Delgado levou-o a perceber que há causas que já lhe estão coladas à pele e que, seja num livro, na televisão ou num artigo de opinião, tem de mostrar às pessoas o mundo real, aquele que existe mesmo debaixo da nossa janela ou a milhares de quilómetros de distância.