Regra geral, os conteúdos partilhados por Mariana Cabral nas redes sociais têm como intenção divertir os fãs e seguidores. Contudo, mais recentemente, a humorista conhecida como “Bumba na Fofinha” decidiu abrir o coração e partilhar um testemunho emotivo.
Perante novo confinamento, Mariana Cabral escreveu palavras sinceras sobre uma situação que, por vezes vive. Um testemunho que foi sentido por muitos dos que a acompanham e que se tornou viral nas redes sociais graças às muitas partilhas que aconteceram.
Leia o texto na íntegra aqui:
“Tenho dias assim.
Dias em que estar sozinha é solitário mas estar acompanhada é demais.
Dias em que me apetece um cigarro às 9h da manhã, como uma velha dona de cabaré.
Dias em que o meu cérebro, em vez de dormir, faz-me a simpatia de projectar detalhadamente os piores cenários possíveis de tudo, os meus pais a adoecerem, eu sem poder cuidar deles, como reagiria à notícia da sua partida (como se pudesse ensaiá-la), até ao pormenor do que diria na missa de 7º dia imaginária.
Somos todos ar comprimido neste momento, à beira de detonar. Não rebentamos de forma igual. Há quem aponte dedos, há quem cegue e deixe de acreditar na ciência, há quem espanque massa-mãe com o rolo de cozinha e há quem chore desbragadamente durante uma manhã inteira, refém de loops de pensamento catastróficos e sombrios, como esta que vos escreve.
Este desamparo dura-me deste anteontem. Sou uma privilegiada porque tenho Planos Bs, Cs, Zs. Para mim só alguns dias são assim. Há quem viva neste aperto há 9 meses, sem soluções à vista.
Portanto, não sei quem é que precisa de ler isto, e sei que soa a refrão requentado, mas ouvir não é o mesmo que assimilar: 1) É normal estarmos na merda. 2) Ninguém é fraco por se mostrar como está (isto é, na merda) e 3) Nunca caiam no erro de achar que estão sozinhos na merda, por muito que se rodeiem de pessoas que parecem estar a reagir “melhor” que vocês. Cada um controla o que pode, como pode, da melhor maneira que sabe – e, neste caso, é sempre pouco. É normal termos medo, por nós, pelos nossos e pelo desconhecido que aí vem.
Ao contrário de Março, esta é a recta final. Há um fim à vista, por muito que demore a chegar. Até lá, tentem ser vocês a controlar o loop e não o contrário. Façam zooms, conversem, encharquem-se em vinho, chorem, façam pão, treinos HIIT (não compreendo mas respeito), aquilo de que precisarem para se manterem à tona. Apoiem-se nos vossos e, se precisarem, em profissionais. Um fardo partilhado pesa bem menos. Tenho-o feito e ajuda de forma inquantificável. A Linha de Apoio Psicológico do SNS existe no 808 24 24 24.
Força nesses corações.”