Para Catarina Furtado, construir um mundo mais igualitário não é apenas uma ideia bonita. É uma missão de vida que a tem levado a dar voz a muitas pessoas em situações de vulnerabilidade e exclusão social, um trabalho que ganhou ainda mais fôlego há nove anos, quando fundou a Corações com Coroa, uma organização não governamental para o desenvolvimento que promove a solidariedade, a igualdade de género e a inclusão socioafetiva de pessoas em risco. “Como responsável pelo que ouço, e que se prende com discriminações, desigualdades e violência, sinto-me impelida a fazer mais. Ao longo destes nove anos já ajudámos mais de 600 mulheres e jovens, demos 31 bolsas de estudo durante três anos, com apoio biopsicossocial”, partilhou Catarina.
Foi precisamente no âmbito desta ONGD que a Embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População promoveu a IX Conferência e VIII Prémio de Comunicação Corações Capazes de Construir, iniciativa que pretende denunciar as desigualdades acentuadas pela pandemia e que contou com o testemunho de vários profissionais que estão no terreno a ajudar quem mais precisa. “Nesta pandemia não estamos todos no mesmo barco, porque há muitos que nem chegam a terra e nem barco têm. A pandemia acentuou as desigualdades sociais e há pessoas que ficaram muito mais para trás. O spot de alerta e consciencialização que lançámos, e que deu o mote a esta conferência, mostra isso mesmo. Queremos que essas pessoas venham para a frente e que sejam um contributo para a sociedade. Na pandemia, e no mundo inteiro, quem mais sofre são sempre as mulheres, raparigas e crianças, como estamos a ver agora em Cabo Delgado. Infelizmente, é uma realidade transversal”, salientou a apresentadora.
Nesta tarde de debate e reflexão foi ainda apresentado o #todasmerecemos, projeto da Corações com Coroa que pretende combater a pobreza menstrual. “Queremos criar um projeto muito estruturado e que intervenha de forma prolongada e sustentada na vida das pessoas que vai atingir. Queremos informar, desmistificar e capacitar as mulheres”, explicou Joana Seixas, que fundou este projeto com a também atriz Isabel Abreu e a ativista Joana Guerra Tadeu. Muito motivada com esta missão, Isabel Abreu reforçou a necessidade de se sensibilizar o poder político para esta realidade: “Temos uma carta aberta defendendo que menstruar não pode ser uma desvantagem económica nem um perigo ambiental. Em poucos dias, já temos muitas assinaturas. As grandes mudanças só vão acontecer quando estas questões chegarem à Assembleia da República.”
Fotos: Luís Coelho