Quando soube que estava nomeada para o Óscar de Melhor Atriz, Jessica Chastain abriu uma garrafa de champanhe. “Se champanhe às oito da manhã está errado, eu não quero estar certa”, escreveu a atriz na legenda de uma imagem que publicou no seu Instagram depois de ter recebido a notícia da nomeação pelo papel em Os Olhos de Tammy Faye, no passado dia 8 de fevereiro. Mas as celebrações da atriz nem sempre foram feitas desta forma: Jessica não nasceu em berço de ouro e viveu uma infância que foi tudo menos faustosa.
Criada pela mãe, Jerri Chastain, uma cozinheira que tinha apenas 16 anos quando engravidou [o pai, o músico Michael Monasterio, não assumiu a paternidade, deixando que constasse na certidão de nascimento de Jessica a informação “pai incógnito”], confrontou-se algumas vezes com o facto de não terem comida na mesa: “Chegámos a roubar, porque não tínhamos dinheiro para comer”, relatou a atriz em várias entrevistas. E sem saber o que o futuro tinha reservado para si, bastou uma ida ao teatro pela mão da avó, tinha então seis anos, para querer ser atriz. E foi com essa certeza que acabou por, anos mais tarde, participar nas audições para entrar na escola de artes Juilliard School, em Nova Iorque.
O talento que já manifestava levou-a a ser escolhida. Sem ter como pagar as propinas, resolveu candidatar-se a uma bolsa criada pelo ator Robin Williams, que acabou por conseguir. Um apoio que lhe permitiu ir aperfeiçoando a arte de representar. No ano em que terminava os estudos, 2003, deparou-se com a morte precoce da irmã Juliet, que se suicidou na sequência de uma depressão e problemas com drogas. Por essa razão, assim que começou a ganhar algum dinheiro, além de pagar as suas contas e ajudar a família, canalizou uma parte para apoiar instituições que ajudam precisamente pessoas com os mesmos problemas que a irmã teve.
Percorrendo um caminho linear, entrou em peças de teatro e fez alguns filmes até que captou as atenções de Hollywood quando, em 2012, a sua personagem em As Serviçais lhe valeu nomeações para os Globos de Ouro, os SAG Awards e… os Óscares. A sua carreira estava lançada. Nesse mesmo ano, o amor também lhe bateu à porta. A atriz apaixonou-se pelo aristocrata italiano Gian Luca Passi de Preposulo, ligado à área da moda.
Enquanto vivia discretamente esta paixão, o seu nome continuava sob os holofotes, e em 2013 foi considerada a Melhor Atriz de Drama nos Globos de Ouro por 00:30 Hora Negra. Nos anos seguintes foram várias as indicações para prémios, como, por exemplo, em 2017, por Miss Sloane e Molly’s Game. Um ano que ficou também marcado pelo seu casamento, em junho, em Itália. Um ano depois, e com recurso a uma barriga de aluguer, Jessica e o marido foram pais de Giulietta. O segundo filho nasceu em 2020, em plena pandemia. Um ano depois, a atriz regressou em grande ao cinema com 355, um filme de espionagem no feminino no qual contracena com outros nomes de peso, Lupita Nyong’o, Penélope Cruz e Diane Kruger, e do qual também é produtora, e que chegou às salas de cinema portuguesas em janeiro. Resta saber se 2022 ficará também marcado com a vitória nos Óscares, curiosidade que será desfeita no próximo dia 27 de março.