Nicole Kidman pode vir a fazer história na próxima edição dos Óscares. Nomeada pela quinta vez pela Academia das Artes e Cinema, a australiana é uma séria candidata ao prémio de Melhor Atriz pelo seu desempenho em Os Ricardos, onde dá vida à atriz, comediante e cantora americana Lucille Ball, que nos anos 50 criou, com o marido, Desi Arnaz (interpretado por Javier Bardem), a famosa sitcom I Love Lucy. E se no próximo dia 28 de março subir ao palco para voltar a receber aquele que é considerado o prémio de maior prestígio na área da representação – conquistou o troféu de Melhor Atriz há 19 anos, com o papel de Virginia Woolf no filme As Horas –, Nicole Kidman tornar-se-á a primeira atriz a ser distinguida com Óscares interpretando duas personagens que retratam pessoas reais.
Excedendo as expectativas até dos críticos mais céticos, este terá sido, segundo a atriz, o papel mais difícil a que se entregou. O seu talento é inquestionável, mas nem sempre Nicole Kidman acreditou ser possível tamanha longevidade da sua carreira. Na verdade, a atriz assumiu recentemente que as suas inseguranças começaram a surgir por volta dos 30 anos. “Pensei: ok, cheguei ao limite. Depois, voltei a pensar que ia ser afastada deste meio aos 40. Hoje em dia já não penso mais nisso. As portas vão-se abrindo, as oportunidades vão surgindo”, desabafou numa entrevista à revista Variety.
Com 40 anos de carreira, um Óscar, dois Emmys, um SAG Award e um BAFTA no seu currículo, a atriz australiana é, sem sombra de dúvida, uma referência das artes cinematográficas. Nascida a 20 de junho de 1967 no Havai, Nicole recebeu dupla nacionalidade por ser filha de pais australianos. Aliás, foi em Sydney, para onde foi viver com três anos, que começou a trabalhar como atriz. Entrou em vários projetos televisivos e cinematográficos, mas foi com o filme Calma de Morte que deixou definitivamente o anonimato. Nessa altura conheceu também Tom Cruise, com quem esteve casada durante dez anos e junto de quem adotou dois filhos, Isabella e Connor, hoje com 29 e 27 anos, respetivamente. O casal de atores acabaria por se divorciar em 2001, tendo os filhos ficado à guarda do pai e afastados física e emocionalmente da mãe. Em 2005, a atriz acabaria por refazer a sua vida amorosa ao lado do músico Keith Urban, com quem se casou em junho do ano seguinte.
O início do casamento foi bastante atribulado, e a atriz chegou a fazer uma pausa nos seus compromissos profissionais para apoiar o marido, que esteve internado numa clínica de desintoxicação para tratar a dependência de drogas e álcool com que se debatia há vários anos. “Temos muita sorte por nos termos encontrado um ao outro”, assegura a atriz quando questionada acerca destes 15 anos de casamento, do qual nasceu a sua única filha biológica, Sunday Rose, hoje com 13 anos, à qual se juntou, dois anos mais tarde, Faith Margaret, que nasceu de uma barriga de aluguer. “Qualquer pessoa que deseje muito ter um filho sabe o desapontamento, a dor e a perda por que passamos quando lutamos com a nossa infertilidade”, contaria mais tarde a atriz, assumindo publicamente as dificuldades que enfrentou para constituir família, uma vez que sempre teve problemas em engravidar.
O seu percurso de vida, marcado por uma série de experiências angustiantes e dramáticas, mas também por momentos de enorme alegria, terá certamente contribuído para a bagagem emocional que empresta a cada personagem que encarna. E terá sido essa capacidade de demonstrar emoções fortes em cena que a tornaram numa atriz tão especial e querida pelo público.