
A porta de uma antiga escola primária está aberta. Ali, a dar as boas-vindas, está uma fotografia ampliada de José Saramago, o menino que nasceu e viveu os primeiros anos na Azinhaga, aldeia ribatejana a que voltava sempre nas férias e nos Natais, para revisitar memórias e alimentar afetos. A casa dos seus avós já não existe, mas esta delegação da fundação que tem o seu nome acolhe todos os que querem conhecer mais sobre o homem, a sua obra e o seu pensamento.
Depois de darem os nomes de António e Benedita, personagens do romance Terra do Pecado, às duas primeiras oliveiras que fazem parte do projeto Cem Oliveiras para Saramago, uma ideia que agora embeleza uma rua desta aldeia, Violante Saramago Matos e Ana Matos receberam-nos neste lugar que se edificou nas memórias do escritor laureado com o Prémio Nobel da Literatura, em 1998, e que morreu em junho de 2010.
Numa manhã em que as memórias se conjugaram no presente do indicativo, a única filha e a única neta de José Saramago, cujo centenário se celebra agora, pegaram nas palavras e falaram do homem discreto, do educador exímio e do escritor que saiu da Azinhaga, terra que se impregnou nele, como escreveu: “Nós somos muito mais da terra onde nascemos e onde fomos criados do que imaginamos.”
Uma entrevista para ler na íntegra na edição 1414 da revista Caras, também disponível em edição digital.