Francisco Costa fez carreira no mundo do futebol, onde se tornou conhecido por Costinha, mas paralelamente foi desenvolvendo interesse pelo mundo dos vinhos. O que começou por ser um pretexto para agendar almoços com amigos, em que cada um escolhia o vinho que queria partilhar nesses encontros, acabou por se transformar numa oportunidade de negócio agora concretizada. Ao lado de António Boal, da Costa Boal Family Estates, Costinha colocou no mercado um exclusivo vinho de Trás-os-Montes, proveniente de uma vinha com 65 anos da região de Trás-os-Montes. Segredo 6 foi o nome escolhido para este vinho, apresentado em Lisboa durante um encontro onde tivemos oportunidade de conversar um pouco com o futebolista, de 47 anos.
Pelo que percebo, este interesse por vinhos não é de agora…
Costinha – É antigo, sim, e deixou de ser um amor de ter apenas uma garrafa para passar a ter a vinha e o contacto com todas as pessoas que cuidam dela e ajudam a fazer chegar o vinho à mesa. Não é apenas um vinho em que se escolheu o lote e se colocou um rótulo. Este tem as raízes profundas, como as vinhas velhas, e assim espero que seja também o nosso projeto, que certamente não será o único.
Pôs literalmente as mãos na vinha, a avaliar pelas imagens. Participou em todo o processo?
Eu sou curioso, queria perceber o porquê de misturar, por exemplo, videiras de branco com tintas. Se não tivermos o conhecimento daquilo que é nosso, deixa de fazer sentido termos um projeto.
E foi fácil convencê-lo a arriscar neste negócio?
Sou, por tendência, uma pessoa extremamente otimista. Tenho dificuldade em aceitar que as pessoas desconfiem todas umas das outras. Se não dermos votos de confiança, as coisas não acontecem. O António cativou-me pelo lado mais simples, durante um almoço de amigos em que levou um vinho que suplantou todos os que eu e os meus amigos levámos para uma prova cega, com rótulos escondidos.
Foi, portanto, uma amizade que nasceu à mesa?
Sim, fomos cimentando a amizade. E passou de uma relação de produtores para algo familiar, já que entretanto as nossas mulheres se tornaram amigas, e à filha do António passei a chamar de nora, porque tenho um filho da mesma idade.
E a possibilidade de vir a tornar-se, de facto, sua nora está posta de lado?
Não, já disse ao António que assim estou a cuidar do património dos nossos filhos [risos]. Mas foi por aí, eu já gostava de vinhos e ter uma pessoa com a simplicidade dele a explicar tudo facilitou o processo. Até porque a minha mulher, ao contrário de outros negócios, neste não olhou com má cara.
Não avançaria se a sua mulher não o apoiasse?
Não sei se não avançaria, mas era um peso importante. As coisas acabaram por fluir naturalmente, sem pressas. Iniciámos o projeto em 2017, depois meteu-se a pandemia, e durante todo este tempo houve amigos de quem escondi este projeto, por isso se chama Segredo. Às vezes há negócios que se têm de esconder ao máximo, até estarem concluídos, porque senão pode haver quem ponha uma pedra ou uma teia de aranha e as coisas não correm bem.
A garrafa tem, também, a sua elegância. Procurou alguma analogia à sua imagem, já que sempre foi conhecido pelo cuidado com a sua apresentação? Houve quem lhe atribuísse a alcunha de “ministro”?
Foi o jogador Thierry Henry que me batizou de ministro. Eu procurei que o vinho fosse elegante, de facto, que não fosse agressivo na boca, que a cor não fosse nem turva nem muito castanha, e creio que o rótulo em veludo e a chapa com o 6 lhe deram “aquele” toque.
Para esta apresentação veio com um “look” igualmente elegante?
Acho que temos que ser fiéis a nós próprios. Este fato trouxe-me sorte em alguns capítulos futebolísticos, em algumas negociações. Espero que desta vez também corra bem.
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