
Alguns dias antes do início oficial do campeonato do mundo de futebol, no passado mês de novembro, Isabel Figueira viajou para o Qatar para acompanhar os primeiros jogos da Seleção Nacional nesta competição. Durante os dias em que permaneceu neste país árabe com o namorado, Luís Santos, filho do então selecionador nacional Fernando Santos, a atriz aproveitou para conhecer passear, conhecer os pontos turísticos do Qatar, assim como para celebrar o primeiro aniversário de namoro. A realidade que os dois encontraram foi um pouco diferente do que tinha idealizado, como revelaram à CARAS nos dias que passaram em solo qatari.
– Como tem sido esta experiência no Qatar? Diferente do que estavam à espera?
Isabel Figueira – A experiência tem sido excelente, e muito acima da expetativa. Vinha muito apreensiva com tudo o que tinha ouvido e lido e sobre as supostas restrições às nossas liberdades. Deparei-me com uma receção excecional e uma organização muito fluida e competente. Todos nos tratam bem, tudo funciona. E depois, claro, ótima comida, ótima temperatura. Os transportes públicos são excelentes, temos usado bastante o metro que tem excelentes condições. O ambiente é saudável e de festa, com uma união incrível e saudável entre todos os países.
– Têm sentido o carinho das pessoas, tanto locais como portugueses, durante a estadia?
Luís Santos – A receção tem sido impecável. A imagem que se criou do país resulta de uma grande falta de conhecimento. Os portugueses que vivem em Doha estão magoados com isso e os locais também. Os qataris estão a lidar com isso com maturidade. Parecem focados em entregar a melhor experiência do mundial de futebol e estão no caminho certo. Tomam nota de quem os agride, mas não reagem. Não conheço uma pessoa que tenha vindo a Doha nos últimos tempos e que não se sinta enganada com a imagem que se criou.
– Isabel, encontrou uma realidade diferente do que estava à espera em relação às mulheres ocidentais, uma vez que já revelou que era algo em que tinha pensado antes da viagem?
Isabel – É verdade que fiz questão de relatar a realidade aqui vivida porque a discrepância com a imagem que se criou era muito grande. Muita informação fora de contexto face à realidade. Tenho recebido muitas mensagens de apoio principalmente da comunidade portuguesa que vive cá e está triste e desiludida com as notícias que tem saído sobre o Qatar, mas isso faz parte quando existe tanta desinformação. Na maioria das vezes, críticas reveladoras de falta de informação e de parcialidade.
– Nestes dias, o que já visitaram?
Luís – Decidimos ficar pelo Qatar em vez de viajar para os países à volta. Eu tinha estado em Doha pela última vez há 7 anos e a cidade está totalmente renovada. A zona central, ao redor do Souk Waqif, é a zona de mercado tradicional e onde andam centenas de milhares de turistas todos os dias. Afastando-nos um pouco mais do centro há 3 novas “cidades” – Katara, The Pearl, e Lusail –, que fazem lembrar o que de melhor se vê no Dubai e no Mediterrâneo Sul. Entre museus, passeios no deserto, no centro da cidade e beach clubs, os nossos dias voam.
Isabel – Temos também dedicado algum tempo a conversar com locais e imigrantes, até para perceber melhor como se sentem as mulheres e os membros da comunidade LGBT+, que vivem aqui e muitos dos quais estão na FIFA a trabalhar. Apesar do país não concordar com a nossa cultura mais liberal, toleram e respeitam a nossa opção. Não querendo alimentar mais a polémica, temos recebido testemunhos de muita tranquilidade e de muita gente que gosta do país acima de tudo pela segurança que tem. Às vezes parece-me que as pessoas colocam os países árabes e do Golfo Pérsico todos no mesmo patamar: o Qatar é muito mais parecido com Marrocos e com o Dubai do que, por exemplo, com o Irão e a Arábia Saudita. Na verdade, alguns temas têm prós e contras, como o acesso a álcool, que não é propriamente um direito fundamental da humanidade. Sabe bem poder beber um copo depois de uma vitória. Mas também sabe muito bem não haver a confusão da multidão embriagada e as suas consequências como se viu nos últimos europeus e mundiais antes da Covid-19. Neste ponto específico, parece-me que o Qatar descobriu o justo meio termo.
– Vêm-se a voltar ao Qatar?
Isabel – Sem dúvida. É um destino de férias muito familiar e, acima de tudo, seguro. Gostaria muito de voltar cá com a família em breve.