A história do Carnaval é feita de musas. E a atriz brasileira Paolla Oliveira, de 40 anos, é, sem dúvida, um “capítulo à parte” quando o assunto é o samba. Rainha de bateria da Académicos do Grande Rio e dona do título de ‘símbolo sexual’ da festa, a atriz confessa que fugir aos rótulos é uma luta constante. “Precisamos de desconstruir essa ideia careta. Estamos a viver um momento de muita liberdade, liberdade do nosso corpo. Estou sedenta por mudanças na minha vida e não continuar a ceder aos velhos padrões. Não existe essa história de preparação para o Carnaval, nós já estamos preparadas!”, afirmou, numa entrevista à CARAS Brasil, durante o ensaio técnico da Académicos do Grande Rio, no Sambódromo do Rio de Janeiro.
Consciente do seu papel como figura pública, Paolla pretende usar a sua voz para desmistificar a imagem do corpo feminino. “Se eu tenho essa voz, por que não fazer uma reflexão e inspirar as pessoas? Quero estar bonita, quero estar bem no Carnaval, mas tenho muito mais coisas para falar, quero questionar e quero que as pessoas se sintam questionadas”, acrescentou.
A atriz admite que, por muito tempo, a insegurança foi uma espécie de inimiga interna, principalmente, quando o assunto era o seu corpo. “Já me incomodo com tudo isso há muito tempo, mas nem sempre percebemos que estamos a fazer parte de padrões, fazemo-lo sem perceber. Precisamos de renascer e acho que estou reflorescendo de mim mesma, das minhas questões, das dificuldades e de um lugar em que eu posso falar com muita tranquilidade, que é esse do corpo, da beleza, da exposição, das pressões e dos padrões”, continuou.
Sem se abalar com julgamentos e com o olhar do outro, Paolla quer mostrar às mulheres que empoderamento não é uma questão estética. “Nós nunca somos o suficiente para quem tem uma expectativa que não é a sua realidade. Nós estamos sempre fora dos padrões. Por mais próxima que eu esteja de algum padrão, eu nunca estou aceitável, sinto-me inadequada várias vezes e isso, infelizmente, é uma constante para todas as mulheres. E eu enquadro-me nisso”, explica, referindo-se depois ao seu papel este ano no Carnaval do Rio. “Estou aqui porque me identifico com esta festa, gosto de me identificar com outras mulheres e com pessoas que têm problemas diferentes dos meus. O Carnaval inspira-me a falar de coisas que são importantes para mim”, acrescentou a atriz brasileira.