A primeira gala da 73.ª edição do Festival de Sanremo teve como coapresentadora Chiara Ferragni, que aproveitou o facto de não só ser uma das celebridades mais influentes a nível mundial (tem 28,7 milhões de seguidores no Instagram) como de este ser um dos maiores e mais importantes eventos de Itália para passar uma mensagem social. Numa feliz parceria com Maria Grazia Chiuri, diretora criativa da Dior, Chiara usou quatro vestidos, todos cheios de simbolismo, com os quais alertou para temas como o ódio, a violência ou o sexismo, defendendo a liberdade e o empoderamento feminino.
O primeiro, o vestido “manifesto”, tinha inscrito numa espécie de estola o slogan Pensati libera [pensar livremente], de forma a inspirar todas as mulheres “a sentirem-se livres para sair do papel que lhes foi imposto pela sociedade”, como explica a influenciadora digital, que tem lutado também para não se sentir culpada pelo seu sucesso enquanto mulher. Outro dos looks assemelhava-se a um corpo nu. É o vestido “sem vergonha” e tem como objetivo “recordar as mulheres do direito que têm em mostrar os seus corpos sem se sentirem julgadas ou culpadas. Recordar a todas as mulheres que decidem mostrar o corpo ou sentirem-se sexy que não estão a autorizar alguém a justificar a violência cometida pelos homens. Para todas as mulheres a quem foi dito que o seu corpo é uma vergonha e que nada é senão um objeto de desejo que incita ao pecado”, esclareceu Chiara.
O coordenado “contra o ódio” incluía frases de desprezo bordadas a pérolas negras, que não são mais do que verdadeiros insultos que os hackers deixam diariamente nos comentários das fotos publicadas pela empresária italiana nas redes sociais. “Nojenta”, “É uma mãe pouco presente”, “Para quando a pornografia?”, ou “Photoshop, o rabo verdadeiro é flácido” são algumas das ofensas que recebe e com as quais alerta as mulheres para não permitirem que quem as odeia as deite abaixo, “porque só a opinião dos que amamos conta verdadeiramente”.
Com o último modelo, a italiana apareceu espartilhada numa espécie de jaula. Na imagem, que tem corrido mundo, aparece ao lado da filha, Vittoria, que faz dois anos em março, e incita as novas gerações a libertarem-se dos estereótipos de género nos quais muitas vezes as mulheres se sentem presas. “Este vestido representa a esperança de quebrar as convenções impostas pelo patriarcado. Uma esperança que depositamos nas meninas de hoje, que serão as mulheres de amanhã. Esse é o desejo de uma mãe para a sua filha, que finalmente pode gritar Vittoria!”, pode ler-se na publicação de Chiara, que espera, assim, ter contribuído para um mundo mais igualitário.