Passavam alguns minutos do histórico triunfo da seleção espanhola de futebol feminino no Mundial de 2023, disputado na Austrália e Nova Zelândia, no último domingo, 20 de agosto, quando a polémica se instalou. No momento de entrega das medalhas às atletas da La Roja, no qual estava também presente a rainha Letizia e a filha mais nova, a infanta Sofía, Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, deu um beijo na boca a Jenni Hermoso. O gesto desencadeou inúmeras críticas, entre elas do presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, que considerou o gesto “inaceitável“.” As desculpas de Rubiales não são suficientes nem adequadas”, afirmou, depois deste ter pedido desculpas públicas.
A história tem feito correr muita tinta em Espanha e um pouco por todo o mundo e levou a FIFA, o organismo máximo que tutela o futebol mundial, à abertura de um inquérito disciplinar para apurar as responsabilidades do dirigente.
Hermoso e Rubiales quebram silêncio
Quando o assunto ganhou contornos mediáticos, sobretudo em Espanha, Rubiales pediu desculpa e afirmou que se tinha equivocado, “não havendo nenhuma má fé”, garantindo que a relação entre os dois era “magnífica”. Entretanto, nos vídeos que vieram a público no próprio dia da vitória, durante os festejos da equipa no balneário, ouve-se a jogadora dizer às colegas de equipa que não gostou do beijo. No dia a seguir, Hermoso desvalorizava o assunto numa nota emitida pela federacão (e que a imprensa espanhola considerou ter sido “fabricada” por aquele organismo para controlar os danos e não por iniciativa da jogadora), mas, dias mais tarde, acabaria por assumir uma posição diferente. Através de um comunicado enviado pelo seu sindicato e agência que a representa, solicitava “medidas exemplares” e acrescentava: “É essencial que a nossa seleção seja representada por figuras que protejam os valores da igualdade e do respeito em todos os sentidos. É necessário continuar esta luta pela igualdade, uma luta que as nossas jogadores têm liderado com determinação” .
Rubiales não se demite
Já esta sexta-feira, durante a assembleia geral extraordinária da Real Federação Espanhola de Futebol, em Madrid, Luis Rubiales revelou que não se ia demitir, apesar das pressões e ao contrário do que a imprensa espanhola tinha avançado. O presidente da RFEF voltou a pedir desculpa, mas assegurou que o “beijo da discórdia” foi “espontâneo, mútuo e consentido. Quem vir o vídeo, perante 80 mil pessoas no estádio e milhões na televisão, perante a minha família, as minhas filhas, percebe que não houve qualquer desejo, nem posição de domínio. (…) Demos um beijinho e ela despediu-se com uma palmada nas costas. Depois veio um comunicado que não entendi. É falso. É um assassinato social o que me estão a fazer”, explicou Rubiales, surpreendendo toda a gente com a decisão de permanecer à frente da Real Federação Espanhola de Futebol.
Iker Casillas reage à assembleia extraordinária
O antigo guarda-redes espanhol Iker Casillas, também ele campeão do mundo em 2010, foi um dos primeiros a reagir à conferência de imprensa desta sexta-feira, considerando as explicações de Rubiales patéticas. “Vergonha alheia”, escreveu no Twitter.