Ao início da tarde de hoje, o primeiro-ministro, António Costa, apresentou ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a sua demissão na sequência de uma investigação sobre os negócios do lítio e hidrogénio que provocou a detenção de cinco pessoas, entre elas o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, e o seu consultor Diogo Lacerda Machado, e tornou arguido o ministro das Infraestruturas João Galamba. Em causa estão os possíveis crimes de corrupção ativa e passiva de titular de cargo político, tráfico de influência e prevaricação. Um comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que António Costa seria ele próprio alvo de uma investigação autónoma por parte do Supremo Tribunal de Justiça.
No seu discurso de despedida e no qual assegura estar inocente, António Costa emocionou-se ao falar da mulher, Fernanda Tadeu, com quem está casado há 36 anos e de quem tem dois filhos, Pedro e Catarina.
“Uma palavra muito sentida de agradecimento à minha família, muito em especial à minha mulher, por todo o apoio, todo o carinho e os muitos sacrifícios pessoais que passou ao longo destes oito anos”, revelou, com a voz embargada.
“Quero dizer, olhos nos olhos aos portugueses, que não me pesa na consciência a prática de qualquer ato ilícito ou censurável. (…) É, porém, meu entendimento que a dignidade de funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e menos ainda com a suspeita de prática de qualquer ato criminal”, afirmou ainda no seu discurso a país.
“Esta é uma etapa da vida que se encerra e que encerro com a cabeça erguida, a consciência tranquila e a mesma determinação, servir portugal e os portugueses exatamente da mesma forma como no dia em que aqui entrei pela primeira vez como primeiro-ministro. Ao longo destes quase oito anos em que exerço funções como primeiro-ministro dediquei-me de alma e coração a servir Portugal e os portugueses”, concluiu, garantindo que não iria recandidatar-se ao cargo.
Depois de António Costa ter falado ao país, Marcelo Rebelo de Sousa fez saber que aceitara o pedido de demissão do primeiro-ministro e que falará ao país na quinta-feira, dia 9, depois de receber os partidos e reunir com o Conselho de Estado.