Quando era nova dizia que queria ser designer, artista de circo ou hospedeira. “Consegui ser as três coisas, porque passo grande parte do meu tempo em aviões, faço coisas impensáveis como um artista de circo e trabalho como designer”, afirma Nini Andrade Silva, que acaba de lançar o primeiro livro com o seu nome. Nele estão alguns dos trabalhos que assinou aos longo de 35 anos de uma carreira que nasceu na ilha da Madeira, de onde é natural, e tem deixado marca um pouco por todo o mundo.
Apesar de todo o reconhecimento de que tem sido alvo, tanto a nível nacional como internacional, e de não ter mãos a medir para abraçar todos os projetos que lhe chegam ao ateliê, a designer de interiores, de 61 anos, não hesita em assegurar que a sua grande missão de vida é ajudar os outros. “Quero acabar a minha passagem por este mundo a ajudar os outros. Por isso criei uma fundação”, justifica, referindo-se à Garouta do Calhau, uma instituição de solidariedade social sediada no Funchal e presidida pelo seu irmão, Ricardo Andrade Silva, que tem como missão promover a integração e desenvolvimento social dos grupos sociais mais desfavorecidos e em situação de risco. “Nasci no seio de uma família fantástica. Os meus pais eram professores e sempre vivi no meio de muitas crianças, algumas mais favorecidas que outras. Sempre vi os meus pais ajudarem as pessoas que mais precisavam. E acredito que a minha verdadeira missão é ajudar os outros”, frisou a designer à CARAS por ocasião do lançamento do seu livro, no El Corte Inglés, em Lisboa.
– O mundo da Nini arruma-se nas 300 páginas de um livro?
Nini Andrade Silva – Não. O mundo da Nini não se arruma em lado nenhum, para lhe dizer a verdade. Porque, como a minha irmã me está sempre a dizer, eu estou sempre a mudar. Todos os dias estou a criar, todos os dias estou a mudar. O meu mundo só se vai conseguir resumir no dia em que eu partir deste mundo.
– Entretanto, já fez saber que não tenciona reformar-se.
– Não, não quero de maneira nenhuma.
“Ter apenas o Atlântico como horizonte fez-me acreditar que eu podia ir a qualquer lado.”
– Acredita que ter nascido numa ilha terá potenciado a sua mente criativa?
– Acho que sim. Bom, há muitos criativos que não nasceram em ilhas, mas no meu caso sinto que a ilha foi muito importante. Porque o facto de não ter horizonte, ou o horizonte ser o Atlântico, fez-me acreditar que podia ir a qualquer lado.
– Fazendo-a sonhar com o que estava para lá do oceano?
– Eu sempre quis voar, sempre quis viajar.
– O que é que podemos esperar da Nini em 2024?
– Acho que muitas coisas. Na verdade, muitas vezes nem eu sei o que é que posso esperar de mim mesma. Mas tenho a certeza de que vão ser coisas especiais.
Fotos: Luís Coelho