Com uma carreira sólida na representação, entre cinema, televisão e teatro, Afonso Pimentel vive cada projeto que integra com muita intensidade e prova disso foi a personagem Matilha, da série homónima da RTP e da Prime Video, um spin-off de Sul, de 2019. Um processo de construção sobre o qual revelou, na apresentação de Matilha: “A grande dificuldade foi redescobri-la e despedir-me disso, para não estar a copiar o que tinha feito. O perigo de ir buscar os gatilhos e os truques que utilizei para a primeira era grande e podia tornar-se desinteressante. O início foi estranho e complicado, mas acabou por ser bom.”
Aos 41 anos, Afonso admite que todo o processo de criação até ao produto final lhe cria alguma angústia. “O meu papel como ator fecha-se no dia em que me dizem que posso ir para casa. A partir daí há todo um processo de edição, produção e realização que molda o produto final. Não consigo promover o projeto como ‘do caraças’ enquanto não o vir! Até lá, vivo um bocadinho em angústia, mas é uma angústia boa, porque depois tenho o rebuçado a seguir. Mas já aprendi a não viver angustiado com o meu trabalho”, explicou, sublinhando que é na mulher, Liliana Leitão, e nos dois filhos, Noah, de 11 anos, e Alana, de oito, que se apoia para contrariar esta luta interior. “Tento descobrir o que é realmente importante. Pego no meu filho e vamos andar de mota ou vou brincar com a minha filha. No fim do dia, isto é só uma série. Se não viver o resto da minha vida, pouca coisa tenho para apresentar no meu trabalho. Para criar as personagens não me cinjo a ler e fazer o que me pedem. Preciso de bagagem, com os meus filhos, as pessoas que conheço, para poder criar estas personagens”, reconheceu.