
Dona de uma energia imensa e carismática por natureza, a designer de interiores Isabel Pires de Lima não podia deixar de responder ao desafio lançado por Carlos Pissarra para o almoço Get Together no Hotel Palácio Estoril, que reuniu cerca de 30 profissionais de decoração.
As razões eram várias e partilhar a mesa com Graça Viterbo, com quem estagiou e aprendeu muito, era, por si só, uma razão maior. Este hotel tem um lugar muito especial no coração de Isabelinha, como carinhosamente é tratada, pois, além de ter realizado ali a festa do seu casamento, foi também lá que assinou alguns dos seus trabalhos enquanto profissional, a convite de Carlos Pissarra, para as edições da Festa das Mesas.
Neste dia de reencontros, a designer de interiores, formada pelo IADE e pós-graduada em Peritagem de Mobiliário pela Fundação Ricardo Espírito Santo, explicou: “Buscamos inspiração não só nas referências do design português, mas agora também nos profissionais mais jovens, que são mais criativos e têm outras ideias. Esta mistura é muito interessante e enriquecedora.”
“Buscamos inspiração não só nas referências do ‘design’ português, mas também nos profissionais mais jovens.”
A seu ver, há espaço para todos, pois, como explica, cada designer tem um estilo, “tal e qual como uma marca de roupa. Se uma pessoa quer comprar uma peça mais clássica, vai a uma Chanel, se quer uma peça diferente, vai a um Tom Ford. Há mercado para todos, somos todos diferentes e todos assumimos a nossa personalidade diferente”.
“Não temos uma ordem, como têm os arquitetos, os engenheiros (…) E isso é uma lacuna que nos traz dificuldades.”

Este tipo de encontros são importantes porque servem para partilhar experiências, contactos, histórias e, como acrescentou com humor, “são bons para carpir!”. E aí surgiu a questão: carpir porquê? “É uma área difícil. Nós não temos uma associação e não temos uma ordem, como têm os arquitetos, os engenheiros, os enfermeiros… até os nutricionistas têm uma ordem. Nós, designers de interiores, não temos. É uma lacuna que nos traz dificuldades, pela ausência de uma instituição que defenda os nossos direitos. Estar inscrito nas Finanças como designer tem 10 ou 15 anos, não mais. Quando comecei a trabalhar, inscrevi-me como artista, nas artes. Perante a lei, é considerada uma profissão nova, quando na realidade é uma profissão bastante antiga. É engraçado, porque antigamente também não havia arquitetos, havia pedreiros, marceneiros, havia artistas. Antigamente, quando éramos mais jovens e queríamos entrar num showroom ou abordar alguém, era complicado, porque não éramos reconhecidos, não tínhamos uma carteira profissional. O que contrabalança esta situação é o facto de Portugal ser um meio pequeno, as pessoas conhecem-se e confiam umas nas outras, e isso é bom”, defendeu.
Apesar deste manifesto, da crise instalada e do aumento dos preços, Isabelinha diz que “muitas vezes isso reflete-se a favor dos interiores. Como as pessoas querem passar mais tempo em casa, acabam por gastar mais nos seus interiores e investir”. Uma análise que lhe traz a esperança de que este novo ano possa correr da melhor maneira.