
A paixão com que se entrega a cada projeto que abraça tem sido reconhecida tanto pelo público como pelos colegas com quem se tem cruzado, seja em palco, em novelas ou séries. A propósito da sua participação no espetáculo Quis Saber Quem Sou – Um Concerto Teatral, de Pedro Penim, que esteve em cena no Teatro São Luiz, em Lisboa, Bárbara Branco refletiu sobre a intensidade emocional e física que a peça exigiu e, fazendo referência à canção de José Mário Branco A Cantiga É Uma Arma, destacou que também a representação pode ser uma poderosa arma na luta pela liberdade, desde que seja usada com precisão. “Para mim, foi um grupo de amigos que se reuniu neste aniversário para celebrar os 50 anos de liberdade, um grupo de revolucionários (acho que posso usar esta palavra) que usam as cantigas como armas e que vêm para a rua gritar. Somos muitos. E hoje, todos juntos, iniciamos as celebrações do dia mais lindo, do dia sonhado”, partilhou a atriz, de 24 anos, que na véspera do 25 de Abril tinha à sua espera à saída do teatro o namorado, Vítor Silva Costa, de 31 anos, que também se encontra em palco, no Teatro Aberto, até 26 de maio, com a peça Uma Vida no Teatro, de David Mamet, encenada por Cleia Almeida.
“Falamos de um tema que nos toca a todos, que é a liberdadee a possibilidadede a perdermos.”
– Este é um espetáculo que exige muito de vocês, física e emocionalmente. Vimo-la até chorar no final. Aconteceu sempre ou hoje era um dia especial?
Bárbara Branco – Acho que, com este espetáculo, todos os dias são especiais, porque é um tema que nos toca a todos e que nos toca muito, que é a liberdade e a possibilidade de perdermos essa liberdade. Claro que, pensando nesse assunto, trazendo-o para a cena e amplificando-o perante uma plateia que hoje tinha 635 pessoas, é emocionante. E é emocionante todos os dias, de forma diferente e com intensidades diferentes. Mas, sim, todos os dias é uma emoção enorme e confesso que também é um cansaço enorme.

– Cantar é uma arma, mas representar também o pode ser, concorda?
– Também pode, claro. Depende da bala, mas da pontaria também. E acho que este espetáculo foi um tiro muito certeiro do Pedro Penim.
– Neste espetáculo brilha como atriz, mas também se revela como cantora. É algo que a deixa feliz?
– Sim, ainda que nenhum de nós seja cantor. Somos atores que cantam. E o Pedro também deu primazia à forma de cantar e à intenção que as canções já têm por si só. Ou seja, a parte interpretativa é mais importante do que cantá-las muito bem ou muito afinados. Somos, portanto, atores que gostamos de cantar e também gostamos de usar as canções como armas.