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Aos 37 anos, a atriz Nicola Coughlan pode dizer que atingiu um patamar de notoriedade com o qual nem sonhava há pouco mais de cinco anos. A série da Netflix Bridgerton, na qual faz o papel de Penelope Featherington e, clandestinamente, da infame Lady Whistledown, narradora da história e autora de um jornal de bisbilhotices sobre a corte e a alta sociedade, tornou-a famosa e deu-lhe uma visibilidade com a qual, admite, não teria sabido lidar se fosse mais jovem. Por isso, tem dito em entrevistas, agradece os anos em que passou algumas dificuldades e quase desistiu do sonho de ser atriz e que hoje lhe permitem ter os pés bem assentes na terra, sem se deslumbrar.
Nicola decidiu aos 5 anos que queria ser atriz, depois de ver O Feiticeiro de Oz, mas jogou pelo seguro e estudou primeiro Inglês e Civilização Clássica na Irlanda, onde nasceu. Só depois se aventurou a ir para Londres cursar representação, aprendendo a viver com o salário mínimo, conciliando trabalhos em lojas e restaurantes com experiências como atriz e a fazer dobragens. Mas aos 28 anos, desalentada por não encontrar o seu lugar, regressou a casa, deprimida. Como na ficção, foi pouco depois que surgiram as oportunidades: primeiro a série Derry Girls, em 2018, e no ano a seguir Bridgerton, cuja terceira temporada protagoniza.

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As dificuldades formaram-lhe o caráter e deram-lhe a autoconfiança que lhe permitiu encarar de frente os desafios impostos pela série. Nomeadamente as cenas ousadas, em que decidiu ela mesma que iria expor o corpo. “As cenas de sexo estão no argumento, mas podemos escolher o que queremos mostrar ou não. E eu disse com muita confiança: “Quero fazer”. Ele [Colin Bridgerton, interpretado por Luke Newton] tira-me a roupa ao espelho e eu fiz questão que isso fosse mostrado. Foi quase um momento egoísta da minha parte. Para ser honesta, eu não sou assim, mas queria fazer aquilo, queria sentir-me empoderada. Foi um momento meu, que quero ver quando tiver 80 anos e sentir-me muito orgulhosa daquela cena. Adorei”, declarou à revista Marie Claire.

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A atitude levou o público a querer elegê-la como uma espécie de porta-voz do movimento a favor da aceitação do corpo, mas ela rejeita a bandeira, pois considera-a redutora. Prefere dar a cara pelos direitos das mulheres em termos genéricos e do movimento LGBTI+, do qual é ativista. Mas não deixa de ser vista como uma mulher corajosa numa época em que tanto se criticam as aparências.