Numa entrevista recente ao jornal britânico The Times, Lewis Hamilton falou da sua luta contra a depressão. O piloto britânico de Fórmula 1, de 39 anos, recordou ainda o dia da morte de Ayrton Senna – o piloto de F1 que foi a sua inspiração -, e ainda a sua infância como filho de um imigrante.Lewis Hamilton fala da sua luta contra a depressão
Com um pai natural das Ilhas Granadinas, no Caraíbe, e mãe inglesa, Hamilton conta que, mesmo depois de se terem separado quando ele tinha apenas dois anos, eles nunca deixaram de apoiar a sua paixão pela Fórmula 1. Mas, na verdade, o início foi ainda mais ameaçador para um “menino negro que teria de competir contra família brancas e ricas” como frisou o piloto.
Na altura em que teve o seu primeiro kart, oferecido pelo pai que na altura tinha dois empregos, o jovem Hamilton sofreu um seu primeiro grande desgosto com a morte do seu ídolo, o brasileiro Ayrton Senna, a sua “maior inspiração” , que morreu na pista no Grande Prémio de Ímola, em Itália, a 1 de maio de 1994.
“Estava com o meu pai, estávamos a trabalhar no kart. Lembro-me de ir para o canto chorar, chorar muito. Não podia chorar à frente do meu pai, ele não era esse tipo de pessoa”, revelou o piloto. Este terá sido um dos primeiros sinais do desenvolvimento da sua depressão, que começou aos 13 anos e que foi agravada pelo facto de ter de esconder as suas emoções tal como o pai lhe impunha.
Este estado de tristeza agudizou-se depois na escola.: “Luto contra depressão desde muito cedo, quando tinha uns 13 anos. Acho que foi a pressão das corridas e as dificuldades na escola. O bullying. Não tinha ninguém com quem falar”, confessou o piloto, que foi também descobrindo as suas próprias estratégias de escape. “Nós aprendemos coisas que nos foram transmitidas pelos nossos pais, a perceber esses padrões, a forma como reagimos às coisas e como as podemos mudar“, acrescentou.
Hoje, Hamilton confessa estar muito melhor, mas admite que a depressão nunca o abandonou totalmente e que a morte de Senna o aterroriza até hoje: “Rezo antes de todas as corridas. E se não vir mais a minha mãe?” questiona-se, sem esconder a emoção.
A sua experiência de vida levou-o, desde de 2020, a investir mais de 20 milhões de euros na instituição de solidariedade social Mission 44, cujo objetivo é ajudar os jovens de todo o mundo a ultrapassarem a injustiça social e a alcançarem um futuro melhor.