Natural da cidade da Praia, Cabo Verde, mas com residência em Lisboa, Anilton Cabral, de 1,89 m, é um dos mais promissores modelos da sua geração. Aos 27 anos, tem já um notável percurso na indústria da moda internacional, pisando as mais importantes passerelles do mundo e tendo trabalhado com as mais prestigiadas marcas e criadores. Numa passagem do jovem por Lisboa, a CARAS foi conhecê-lo.
– Começando pelo início, quando é que surgiu o seu interesse pelo mundo da moda?
Anilton Cabral – Bom, desde a escola primária e aí até aos meus 15 ou 16 anos queria ser jogador de basquetebol profissional, portanto a minha entrada no mundo da moda não foi propriamente planeada. Quando estava no 10.º ano, ainda em Cabo Verde, uma colega inscreveu-me num concurso Miss e Mister Escola. Participei, ganhei e tive de representar a minha escola na competição com todas as escolas do país, e também ganhei. E foi mais ou menos por aí que tudo começou.
– Alguém se apercebeu de que tinha futuro como manequim?
– Sim, nesse concurso, e fui convidado a integrar uma agência de modelos, a Da Banda Models. Comecei a trabalhar nessa área, mas em coisas pequenas, como publicidade para televisão, ainda em Cabo Verde.
– E os estudos ficaram de lado, entretanto?
– Não, nada disso. Quando terminei o secundário, entrei na universidade, aqui em Portugal. Fui estudar Relações Públicas e Comunicação Empresarial na Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa. E, ao mesmo tempo, ia fazendo algumas formações de manequim através da minha agência.
– Não concluiu a sua formação superior?
– Não consegui, porque, entretanto, começaram a chegar propostas para vários trabalhos importantes. Lembro-me de que comecei em janeiro de 2020 com uma campanha internacional e desde aí nunca mais parei, felizmente. Mesmo durante a pandemia, nunca me faltou trabalho na moda.
– E onde é que ficou o sonho do basquetebol?
– O sonho ainda está vivo, os sonhos não morrem, mas acho que não passa disso, de um sonho. Ainda jogo, para me divertir, com os amigos, o basquetebol vai ser sempre uma paixão, mas era impossível conciliar uma carreira no basquete com os estudos e com a moda. Pus tudo na balança e optei pela moda.
– Nunca se arrependeu dessa escolha?
– Não. Felizmente nunca me faltou trabalho, gosto do que faço e tenho que dizer que sou bem compensado financeiramente.
– Como foram a sua infância e adolescência?
– Sou filho único e fui criado só pela minha mãe, nunca tive o meu pai muito presente na minha vida. Nasci na ilha de Santiago, mais tarde fui para a ilha da Boavista, onde fiquei até aos 16 anos. A minha mãe era comerciante e tinha três lojas. Tínhamos uma vida estável economicamente, a minha mãe nunca me deixou faltar nada. Ela ensinou-me tudo e desde muito cedo comecei a cuidar da casa, a organizar as finanças, sempre ajudei bastante, graças à educação que ela e os meus avós me deram. Portanto, foram uma infância e uma adolescência felizes.
– É muito preocupado com a sua imagem?
– Sim, tenho de ser. Como cresci a praticar desporto e a pertencer a uma equipa, desde cedo aprendi que era importante termos cuidado com o nosso corpo. Além disso, fiz um curso de personal trainer e de nutrição e uso os conhecimentos que adquiri em mim. O meu estilo de vida é muito saudável: como muito, em quantidade, mas também em qualidade. Depois, jogo basquete – sempre que viajo levo a minha bola comigo –, nado e corro.
– O que é que gosta mais de fazer, desfiles ou campanhas de moda?
– Tenho feito mais campanhas publicitárias, anúncios e catálogos e confesso que gosto mais. Aliás, comecei a minha carreira ao contrário do que é habitual, porque os modelos primeiro iniciam-se nos desfiles e depois passam para as campanhas.
– Qual é a sua relação com as pessoas que trabalham no mundo da moda, já conhece muita gente?
– Não, mas rapidamente me integro e falo com as pessoas. Não há propriamente amizades, mas damo-nos bem, eu tenho essa facilidade de me relacionar com os outros, acho que sou carismático. Tento ser uma pessoa íntegra no competitivo mercado da moda, onde há mil modelos lindos a disputarem o mesmo trabalho.
– Houve algum trabalho que o tivesse marcado mais?
– A campanha que acho que ficou melhor foi a que fiz para a Brooks Brothers, na Cidade do Cabo.