
Nascida em Londres e criada em Lisboa, Catarina Wallenstein respira talento e foi desde muito cedo que despertou para o mundo das artes e do espetáculo, não fosse ela filha de uma cantora lírica e de um instrumentista, neta de um poeta e de uma encenadora, irmã de um músico, sobrinha de um ator… e a lista referente aos membros da sua família que são ou foram artistas continua.
Fomos ao encontro dela durante os ensaios para a peça Speak Low, um espetáculo da autoria de Martim Sousa Tavares que, no fundo, é uma carta de amor do maestro ao seu ídolo, Kurt Weill. Foi precisamente no Teatro São Luiz, em Lisboa, que teve lugar esta sessão fotográfica para a CARAS e onde conversámos com a atriz de 38 anos sobre esse desafio profissional e outro projeto que tem em mãos nestes primeiros meses de 2025.
– Fale-nos um pouco do seu papel na peça e como é que como surgiu o convite para a integrar?
Catarina Wallenstein – O Speak Low é um concerto teatral, uma grande mistura de teatro com música. O Martim [Sousa Tavares] tem uma grande paixão por Kurt Weill e, portanto, acho que quando lhe fizeram esta proposta de ter um projeto no São Luiz, ele desenhou esta ideia que já tinha algum tempo. O convite surgiu com naturalidade e aceitei-o de imediato. Em palco dou vida a Lotte Lenya, a mulher de Kurt Weill.
– O espetáculo teve três exibições no São Luiz, em Lisboa. Será agora apresentado noutras salas?
– Acredito que sim. É um espetáculo fácil de viajar, somos uma equipa relativamente pequena, portanto, acredito que venham a acontecer propostas dos programadores.
– É muito exigente a preparação para um espetáculo destes, em que está sozinha em palco?
– Há alguma preparação antes de subir ao palco, sim. Tenho de aquecer a voz e tenho de aquecer o corpo, porque a voz é corpo e as duas coisas estão juntas. Na escola de teatro, dizia-se que o aquecimento não é para aquecer o corpo, é para aquecer a vontade. Eu acho isso realmente bonito, fica-se logo com outra disponibilidade e generosidade para abraçar o trabalho.
– Quanto tempo é que precisa para fazer esse aquecimento?
– Para que seja feito como deve ser, pelo menos 45 minutos.

– Tem algum ritual antes de entrar em palco ou alguma superstição?
– Na verdade, sou muito errática, raramente repito as coisas na mesma ordem. Às vezes posso aquecer primeiro e depois ir para o camarim fazer a maquilhagem e vestir-me, ou pode ser ao contrário, não há regra. Sou uma pessoa bastante conversadora e sei que isso, muitas vezes, me desfoca, portanto, umas duas horas antes de pisar o palco, fico no meu cantinho, sossegada, para me concentrar.
– E que mais projetos tem em mãos?
– Estou de partida para o Brasil onde vou filmar uma longa-metragem do Felipe Bragança, com quem já trabalhei no filme Animal Amarelo, que se chama Macunaíma, que é uma adaptação ao cinema de uma obra gigante da história literária brasileira.
– E era isto que queria fazer agora? Cinema?
– Sim, gosto muito de cinema. Mas de cantar também. Acho que nestes últimos meses tem havido um encadeamento das coisas que eu mais gosto de fazer, tenho tido sorte nesse sentido.
– Quanto tempo estará no Brasil?
– Sei que é uma rodagem muito longa, portanto, acredito que durante esta primeira parte do ano esteja por lá. O trabalho arranca com as leituras do guião, realizador e elenco juntos, depois temos os ensaios e só a seguir é que se inicia a rodagem, que está prevista durar cerca de dez semanas.
– É fácil para si sair da sua base?
– Sim, é fácil. Mas voltar também é muito bom.

– Enquanto estiver no Brasil, vai aproveitar para passear?
– Talvez, não sei, só vou saber quando me derem os calendários de rodagem. Mas com certeza que vou aproveitar para conhecer melhor a zona onde estiver.
– Tem algum desejo para 2025?
– Para já, estou muito ansiosa com este filme. De resto, as coisas aparecem quando têm de aparecer.