
Vestiu-se como uma deusa grega para apresentação de A Protegida, pois a novela da TVI na qual promete surpreender no papel de uma mãe cuja filha descobre ter uma doença grave é, no seu entender, “uma verdadeira tragédia” e o contraponto de que precisava depois de anos a fazer uma série cómica.
O drama do seu novo projeto põe-na à prova, mas não lhe tira o sono, nem a boa disposição. Inês Herédia, de 35 anos, não leva para casa a composição deste papel denso e o tempo livre é para cuidar e brincar com os filhos, os gémeos Luís e Tomás, de 6 anos, do casamento com Grabriela Sobral, a quem gostaria de dar irmãos. Um decisão que está a ser ponderada pela atriz.
– Este projeto marca o seu regresso à ficção depois de uma necessária paragem para descanso?
Inês Herédia – É verdade. Estou de regresso às novelas e está a ser muito bom. Tenho gostado muito de conhecer a Margarida, que é uma personagem que me apeteceu logo fazer pela relação que tem com a filha. É a primeira vez que faço de mãe na televisão. A história acompanha a viragem de criança para adolescente, que é uma fase que tememos enquanto mães. A mim ainda me falta um bocadinho, mas penso nisso, como é que os meus filhos irão ser. E depois há a doença. A filha vai ter uma doença grave e vou trabalhar o sofrimento de uma mãe em algo que não é sequer imaginável.
– Dá por si a pensar que podia ser consigo?
– Não faço comparações com a minha vida para trabalhar as personagens e queria até testar, numa situação destas, se conseguia separar. Até agora, tenho conseguido e estou contente por isso.
“Os meus filhos parecem um equipa de râguebi, batem-se, mas depois são muito queridos.”
– Está a conseguir conciliar as gravações com a vida familiar?
– É sempre alucinante conjugar uma novela com os miúdos. Para já, tenho tido sorte. Há pelo menos duas ou três vezes na semana que consigo ir buscá-los à escola, o que para mim é um momento muito importante. É a altura do dia em que estão mais sensíveis, a processar tudo o que aprenderam, às vezes estão mal-educados e é ali que se educa por mais que custe. Mas eles são muito carinhosos. Os meus filhos parecem um equipa de râguebi, é muita testosterona, batem-se, mas depois são muito queridos e ternurentos. Conseguir conciliar os dois lados da vida é mesmo muito importante.

– Gostava de ter mais filhos?
– Gostava, mas tenho medo que venham mais dois. Estou a processar ainda. A porta está aberta para voltar a ser mãe, gostava muito e temos tudo tratado para seguir em frente. Estou a pensar e até ao final do ano tomo uma decisão. Tem de ser, porque o relógio biológico não pára. Mas, por mim, tinha imensos filhos.
“Venho de uma família grande e adoro. Estou habituada à confusão e caos. Há sempre lugar para mais um.”
– O facto de ter uma família numerosa pesa nessa decisão?
– Obviamente. Venho de uma família grande e adoro. Estou habituada à confusão e caos. Há sempre lugar para mais um e não precisamos de muito para sermos felizes. Foi assim que cresci. Na minha geração, estamos tão focados em dar o melhor que nos esquecemos que o melhor não é necessariamente a melhor escola ou viagens, mas, sim, terem-se uns aos outros. Vejo pelos meus irmãos. Das melhores bênçãos que tenho é ter aqueles três que amo desmesuradamente. Quando estamos os quatro juntos é uma paródia. Gostava que os meus filhos fossem assim. Por outro lado, penso: “Tive tanta sorte com estes, será que vai ser igual?” Nos casais hétero é mais fácil, aconteceu, está cá. Nós temos de ter a certeza de que queremos. Não partimos com o pensamento “se acontecer, aconteceu”, até porque estamos a falar de um processo de fertilização, que inclui etapas e hormonas.