A Irlanda parece estar na moda e basta um breve passeio pelo centro de Dublin para o constatar. Claro que a cidade sempre teve algo de especial, ao fim e ao cabo trata-se da capital dum país que deu ao mundo James Joyce, Bernard Shaw e Oscar Wilde, para já não falar dos U2, Van Morrison ou The Pogues. Mas agora chega-se a O’Connell Street, o coração da Baixa dublinense, e por todo o lado se vêem turistas das mais variadas proveniências; percorre-se a elegante Grafton Street, e das suas refinadas lojas saem revoadas de japoneses carregando sacos de compras; vai-se à noite a Temple Bar e parece que estamos numa Babel animada pelo abundante jorrar da Guinness preta e espumosa.
O facto é que a cidade se transformou, e para isso contou certamente a recém-encontrada prosperidade do país. Se no terceiro quartel do século XIX o que dominava era o negro tom das terríveis fomes que afligiam a Irlanda, hoje o que se vê por todo o lado é a confiança no futuro e uma dinâmica acelerada de desenvolvimento.
Passear sem destino pelo centro é, aliás, obrigatório, tantos são os pontos de interesse. Com uma política cultural que aposta na arte pública, Dublin parece por vezes uma galeria a céu aberto, tal o número de esculturas que lhe adornam ruas e praças em exposições temporárias ou instalação permanente. E, sendo um país de músicos, talento é o que não falta nos passeios das ruas mais concorridas. Mas também dentro de portas a arte acena ao visitante: o National Museum tem uma soberba colecção de antiguidades, que vai do tempo dos
vikings à misteriosa Irlanda medieval, e a música
folk – e não só – é presença assídua na enfiada de bares e
pubs que se estendem pelo bairro de Temple Bar, em pleno centro. É aí que as noites são mais animadas, especialmente se for Verão, quando por todo o lado se vêem grupos de copo em riste e gargalhada solta.
Quem prefira maior sobriedade, não perderá a oportunidade de se perder nos meandros da Catedral de St. Patrick, que data de 1190, ou de visitar o famoso e centenário Trinity College, onde o espírito de
Jonathan Swift,
Oscar Wilde ou
Samuel Beckett parece ainda pairar.
Uma coisa é certa: Dublin é uma cidade em que é mais fácil sofrer de exaustão e ressaca do que ser atacado pelo tédio.
A não esquecer
Como ir: Para além dos voos regulares directos entre Lisboa e Dublin, existem companhias ‘lowcost’ a operar a partir do Porto e Faro.
Quando ir: O clima chuvoso e frio aconselha a visita no Verão, sendo Julho o mês mais seco. Mesmo assim, pode ser surpreendido por um aguaceiro num dia que começou soalheiro. Todo aquele verde radioso tem um preço.
O que fazer: Passear a pé em Dublin é um prazer. Uma visita à Catedral de St. Patrick, à fábrica da Guinness e ao National Museum ocupam o dia e o saltar de bar em bar no bairro de Temple Bar é uma maneira agradável de passar a noite.