Experimentámos o inovador Opel Ampera numa manhã de chuva, na estrada que liga Cascais ao Guincho. As condições meteorológicas não eram, de facto, as melhores, mas a curiosidade de guiar o primeiro elétrico com extensor de autonomia era muita. Depois de apreciar o interior e de constatar que o Ampera é um carro bastante espaçoso, requintado e confortável, faço-me à estrada apenas com o barulho da chuva como companhia. No modo elétrico o motor é silencioso, o que é a primeira grande diferença em relação ao um automóvel normal. No início estranha-se, mas rapidamente nos habituamos, até porque é bastante fácil de conduzir.
A grande diferença do Ampera em relação aos outros elétricos disponíveis no mercado (exceção feita ao seu ‘irmão’ Chevrolet Volt) está no extensor de autonomia, o que significa que não há motivos para grandes preocupações pelo facto de podermos ficar parados na estrada. Com a bateria totalmente carregada (recarrega em seis horas numa tomada doméstica normal), podemos percorrer entre 40 a 80 Km movidos exclusivamente a eletricidade e sem emissões. Estes números dependem sempre de factores como o tipo de percurso, o tipo de condução e a temperatura ambiente. Quando a bateria atinge o estado de carga mínino entra automaticamente em ação, e sem termos a perceção de qualquer transição, o motor-gerador a gasolina, que assegura uma autonomia total superior a 500 Km. Ir ao Algarve ou ao Porto, por exemplo, é possível sem que para isso tenhamos que parar várias vezes para recarregar a bateria.
Apesar da existência deste motor a gasolina 1.4 de 86 cv, as rodas do Ampera são sempre movidas a eletricidade. O sistema de propulsão elétrica Voltec assegura performances bem interessantes. O propulsor elétrico de 150 cv permite uma aceleração dos zero aos 100 Km/h em cerca de 9 segundo e uma velocidade máxima de 160 Km/h. Quando alimentado apenas pela bateria, o Ampera proporciona uma condução silenciosa e sem vibrações. Apenas se faz notar um pouco quando entra no modo de funcionamento com extensor de autonomia.
Para além do modo de condução Normal, o Ampera tem disponíveis mais três modos de condução: O Sport, que aumenta a sensibilidade do pedal do acelerador, o modo Montanha, que assegura a disponibilidade de energia suficiente da bateria para uma condução em subidas prolongadas, e o modo de Retenção de Carga, que preserva a eletricidade armazenada na bateria ativando o motor-gerador a gasolina. Uma função útil quando queremos tirar partido da autonomia do Ampera para reservar a eletricidade da bateria para circular em zonas em que haja restrições às emissões.
A bateria em forma de T pesa 198 Kg e o seu recarregamento é bastante simples. Numa instalação de 230V/16A, a bateria é totalmente recarregada em cerca de quatro horas. Ao contrário de outros fabricantes, o preço do Ampera (42.900 euros) já inclui o custo da bateria, que tem uma garantia de oito anos ou 160 mil quilómetros. O sistema do Ampera permite programar as horas de recarregamento de modo a aproveitar as tarifas de eletricidade mais baixas fora dos horários de pico de consumo.
Design
Basta um olhar sobre o Ampera para percebermos que estamos perante um automóvel moderno e aerodinâmico. Apesar de alguns aspetos futuristas, o seu visual é atraente, com destaque para os faróis em forma de boomerang.
O habitáculo está repleto de tecnologia avançada, saltando á vista dois monitores interativos policromáticos de alta definição. Um deles é o Centro de Informação do Condutor, localizado no topo da consola central e que constitui o interface principal de todas as funções de informação e entretenimento, navegação e controlo de ar condicionado, bem como da gestão de energia e funções de recarregamento.
O ecrã em frente ao condutor dá a indicação da velocidade e informa sobre a eficiência de condução, apresentando uma esfera rotativa que se desloca para cima ou para baixo e muda de cor consoante a velocidade a que circulamos, aceleração ou travagem. O posicionamento da esfera no centro do visor significa a utilização ideal de energia.
Habitáculo
Não fizemos muitos quilómetros com o Ampera, mas deu para perceber que é um automóvel que oferece conforto, espaço e comodidade aos quatro passageiros. Tem cinco portas, os quatro bancos individuais são confortáveis para qualquer adulto e a bagageira apresenta uma capacidade de 310 litros com os bancos em posição normal (com os bancos traseiros rebatidos, esta capacidade aumenta para 1005 litros).
Para além da climatização com comando eletrónico e do rádio com comandos no volante, está disponível um sistema de som Bose de alta-fidelidade em conjunto com um sistema de navegação. Para além do design elegante, o Ampera oferece funcionalidade. O compartimento de arrumação na parte superior do painel de instrumentos inclui uma tomada suplementar de 12 volts e os espaços integrados de arrumação na consola central incluem ligações USB/AUX e duplo suporte para copos. Os quatro compartimentos das portas são suficientemente grandes para uma garrafa de 1,5 litros e nas portas dianteiras existe um compartimento destinado ao chapéu de chuva, bastante útil em dias como aquele em que experimentámos o Ampera.
Do equipamento de série fazem parte bancos forrados a couro e o acabamento metalizado da consola central. Elementos que podem ser configurados em três combinações: cinza, vermelho e branco.
Não restam dúvidas de que o Opel Ampera é o elétrico ideal para quem não quer estar preocupado com a autonomia, principalmente num país onde ainda não abundam os postos de recarregamento. Sempre movido a eletricidade, apesar do auxílio do motor-gerador alimentado a gasolina, é amigo do ambiente e tem espaço suficiente para uma família de quatro pessoas. Tudo isto, aliado à mais avançada tecnologia e a uma experiência de condução bastante agradável.
O Opel Ampera já está à venda a partir de 42.900 euros.