Numa etapa que a Organização avisou que seria a mais dura desta edição do Dakar, Carlos Sousa cumpriu com aquilo que tinha prometido na véspera, atacando forte desde os primeiros quilómetros da especial que ligou Arequipa a Nasca, no Peru, para tentar recuperar a sexta posição da geral que cedera ontem ao argentino Lucio Alvarez.
Mesmo sendo apenas o 21.º carro a largar esta manhã para a 12.ª e antepenúltima especial da prova, o que o obrigou a ultrapassar vários concorrentes mais lentos, o piloto português rapidamente começou a aproximar-se dos lugares da frente, chegando a registar o quinto melhor tempo no primeiro terço do percurso, a menos de 2 minutos do Hummer de Robby Gordon.
Contudo, este forte ritmo imposto por Carlos Sousa teve consequências inesperadas para o seu navegador, o francês Jean-Pierre Garcin, que se queixou de fortes dores no pescoço e na cabeça a sensivelmente meio da especial, forçando o piloto da Great Wall a baixar drasticamente o seu ritmo: “Começámos muito bem a etapa, mas depois tive que mesmo que levantar o pé porque o Jean-Pierre começou a sentir-se muito mal, queixando-se de fortes dores no pescoço e na cabeça, ainda devido às mazelas do choque de ontem na duna. Por momentos, cheguei a pensar que teríamos que desistir, mas lá conseguimos continuar, embora a um ritmo bem mais lento que na primeira parte da especial”, contou Carlos Sousa à chegada ao acampamento de Nasca.
Praticamente sem poder contar com a colaboração do seu navegador até final da etapa, o português acabaria por cometer um erro no percurso que o fez perder mais cerca de 15 minutos e, pior que isso, entrar no cordão de dunas final já depois de alguns camiões: “Sem notas, acabei por errar um cruzamento e fazer mais 7 km para a frente e para trás, o suficiente para chegar às dunas já depois dos primeiros camiões e quando a areia já estava muito destruída. Enfim, mais um dia para esquecer e que só acabará agora no hospital, onde o Jean-Pierre vai ser examinado pelos médicos para saber se poderá continuar em prova”, revelou o piloto, ainda assim décimo classificado da etapa, a cerca de 40 minutos do vencedor.
Um resultado apesar de tudo insuficiente para segurar o sétimo lugar da geral, que é agora ocupado pelo holandês Bernhar Tem Brinque, hoje o quarto mais rápido da especial. Os dois pilotos vão entrar amanhã para a penúltima etapa separados na classificação por apenas quatro minutos.