Após 15 dias de corrida e quase 10 mil km de percurso entre a estância argentina de Mar del Plata e a capital peruana Lima, o pódio instalado na histórica Praça das Armas recebeu hoje os heróis do Dakar 2012, entre os quais o piloto português Carlos Sousa, melhor representante luso na categoria de automóveis e o principal responsável por oferecer à Great Wall Motors o melhor resultado de sempre de um construtor chinês nesta prova.
Repetindo os feitos de 2005, 2006 e 2007, Carlos Sousa concluiu a sua 13.ª participação num Dakar na sétima posição da geral, ficando agora dependente do resultado ao apelo interposto por Robby Gordon, após as irregularidades técnicas detetadas no seu Hummer, para eventualmente igualar o sexto lugar também conseguido em 2010.
“Face à juventude deste projeto e às várias condicionantes que envolviam esta participação – como estar parado desde abril e ter testado o carro apenas três dias, em Marrocos –, é evidente que só posso estar muito satisfeito com este resultado. Cumpri a promessa de concluir a prova no top-10 e sei que dei todos os dias o meu melhor ao longo destas duas semanas. Nem sempre foi fácil, porque também tivemos alguns percalços, especialmente nas duas primeiras etapas no Peru, onde acumulámos uma série de problemas e um atraso superior a duas horas. Costumo dizer que no Dakar é habitual ter-se um dia mau… Só que desta vez tivemos dois consecutivos! Com um pouco mais de sorte, acho que poderíamos estar hoje um lugar acima na geral. Mas o Dakar é mesmo assim e o importante é que a equipa está muitíssimo satisfeita com o resultado, que realmente excedeu as melhores expectativas de todos os seus responsáveis”, resumiu Carlos Sousa após a consagração no inédito pódio instalado em Lima.
Regular e consistente, apesar da arreliadora gripe que o limitou durante a primeira semana e os sintomáticos problemas com a refrigeração do motor e a afinação do seu SUV Haval, Carlos Sousa chegou ainda a temer uma desistência já perto do final, em face da lesão no pescoço diagnosticada ao seu navegador, Jean-Pierre Garcin, que obrigou o francês a cumprir as últimas duas etapas com um colar cervical. “Passámos por situações algo insólitas neste Dakar, mas que ajudam a reforçar ainda mais o mérito deste resultado. Em todo o caso, acho que evidenciámos o enorme potencial que este projeto pode vir a ter no futuro caso a equipa decida investir um pouco mais na preparação do próximo Dakar e na resolução de alguns problemas de base do próprio carro. Mas esta é uma decisão que caberá sobretudo à marca”, revelou ainda Carlos Sousa, na véspera de festejar o seu 46.º aniversário.