
Margarida Pinto Correia
João Lima
Formada em Relações Internacionais pelo ISCSP, em Lisboa, Margarida Pinto Correia começou a trabalhar no extinto semanário Se7e, passou pela rádio, apresentou alguns programas de televisão, estreou-se em teatro na Cornucópia, em 1982, participou em séries, curtas e longas metragens, foi diretora da revista Cosmopolitan, entre muitos outros projetos impossíveis de referir aqui. É, desde outubro de 2003, a cara visível da Fundação do Gil, projeto ao qual se tem dedicado de corpo e alma. Da sua relação de 14 anos com o músico Luís Represas nasceram os filhos Nuno, de 11 anos, e José, de oito.
O LIVRO – “Não Podemos Ver o Vento”, de Clara Pinto Correia
Não ouvi falar suficientemente nele, não ouvi recomendar suficientemente, e não percebo porquê: é estonteante e inebriante, e é muito nosso, do nosso ADN imaginário, da nossa relação já mais imaginada do que outra coisa com as ex-colónias, ou, mais concretamente, com o ‘que não sabíamos que se passava mas alguma coisa era’ da guerra colonial. Lê-se a galope, põe-nos em questão mil vezes, surpreende-nos no fim, e sim, se foi escrito pela minha irmã, como é que eu ia recomendar outro?
O CD – “Transformer”, de Lou Reed
O que poderei ouvir em qualquer circunstância e que me saberá sempre bem. O magistral que não morre nem sai da linha, mesmo tendo já quase 40 anos… Aprendi a ouvi-lo com as minhas irmãs e nunca mais o larguei. Devolve-me a mim. Eterno e bom.
O RESTAURANTE – A Choupana, em Vila Nova de Milfontes
O peixe fresco é quase ofuscado pela beleza da paisagem, pela infindável variedade da luz e do mar, das marés e do ranger das madeiras… É um fim do mundo controlado, aqui mesmo ao lado, que até custa partilhar, e onde vou muito menos do que gostaria. Mas com que sonho o ano inteiro..
O BAR – Xafarix
Onde se pode ir sozinho, onde a música ao vivo é uma constante e a boa disposição um império, e onde nos sentimos sempre em casa. (OK, eu sou suspeitíssima, mas garanto que já era assim antes… e que agora está ainda melhor!) São três gerações que ali se cruzam sem crises nem gaps, e isso sabe muito bem.
O FIM DE SEMANA – A bordo, no mar
Só com o som do mar. À vela. Na Arrábida ou no fim do mundo, de braço dado com o vento, com petiscos, dormindo a ouvir escotilhas a bater nos mastros.
A VIAGEM – Antártida
Repetiria todos os anos. Fui duas vezes em reportagem e nada chega aos calcanhares da Terra Sem Dono, do bailado das baleias, do rugir dos glaciares, da graça dos pinguins, do terror das focas-leopardo, do azul dos icebergues… É um silêncio cheio de coisas a que me reporto muitas vezes. E a imensidão. Falta-me ir a Machu Picchu, Vietname, Butão, Gronelândia e Islândia.