Nome incontornável da Cultura em Portugal, a Prof. Isabel Pires de Lima é doutorada em Literatura Portuguesa com a tese As Máscaras do Desengano – Para uma Leitura Sociológica de ‘Os Maias’ de Eça de Queiroz (1987) e especialista em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea e em Estudos Queirosianos. Com dezenas de títulos publicados, tem promovido também inúmeros colóquios e congressos, nacionais e internacionais. Paralelamente, fez carreira na política: além de deputada, foi ministra da Cultura entre 2005 e 2008. Vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves entre 2006 e 2008, é Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
FILME: “E La Nave Va”
De Fellini, é um filme que corporiza aos meus olhos a obra de arte total: imagem, música, voz, representação cruzam-se e produzem beleza exponencial. Numa outra ocasião poderia ser Pulp Fiction, de Tarantino – uma aprendizagem da violência no mundo pós-moderno.
LIVRO: Vários
Escolha impossível, visto que vivo de e com livros. Hoje escolho uma das obras-primas da literatura portuguesa do século XIX, o conto José Matias, de Eça de Queiroz, que dá expressão à busca impossível da perfeição no amor e à sua confluência com a morte. Mas poderia escolher um romance de Dostoiévsky, um poema de Camões, um conto de Machado de Assis, um romance de Ana Margarida Carvalho. Qualquer um deles são exercícios de resistência que me agradam. E por que não um dos ensaios iluminantes de Byun-Chul Han: A Sociedade do Cansaço, por exemplo?
MUSEU: Serralves
Et pour cause… Um museu singular, num espaço singular, desenvolvendo um projeto único em Portugal, cujo crescimento fui acompanhando e com o qual estou particularmente envolvida. Muitos outros me marcaram de modos diversos: o Whitney Museum e o MOMA, em Nova Iorque, o Centre G. Pompidou e o Museu de Cluny, em Paris, o Museu de História de Arte, em Viena, o Museu da Língua Portuguesa, em S. Paulo, o Museu Grão Vasco, em Lamego…
CONCERTO: Zeca Afonso
Pouco depois do 25 de Abril, o concerto no Pavilhão dos Desportos tornou-se mítico para a minha geração. Foi a experiência de cantar coletivamente em liberdade os valores silenciados até aí – liberdade, solidariedade, democracia – e de ouvir ao vivo um dos melhores músicos do século XX.
QUADRO: “A Fada Azul e o Pinóquio”
Neste momento está em exibição na exposição O Mundo Fantástico de Paula Rego, no Centro Colombo. Toda a técnica superior da pintora e a sua visão subversora e mágica das histórias e do mundo: Fada protetora? Fada ameaçadora.