A nutrição funcional parte do princípio de que cada pessoa tem diferentes necessidades, relacionadas com genética, reacções alimentares, características físicas e emocionais, ambiente em que vive e até níveis de stress, e que isso vai ditar que alimentos devem ou não ser incluídos nos regimes, já que são avaliados não só pelas calorias mas também pelas suas propriedades.
Margarida Beja, nutricionista e autora do podcast “Em Banho Maria” – onde explora “questões de saúde pública, comportamento alimentar e vários temas sobre nutrição e alimentação” -, considera que “a chave passa por encontrar na alimentação uma forma de suster as nossas necessidades, o que implica também incorporar o que gostamos e nos dá prazer comer”. E nessa lista podem entrar as torradas com manteiga, que adora e permite que os pacientes também comam. Diz, portanto, ser “fundamental” atingir o equilíbrio entre “o que nos faz bem do ponto de vista da saúde e o que nos faz sentido do ponto de vista psíquico e social”. Constata que “alguns alimentos têm compostos que, em teoria, têm uma acção benéfica em determinados mecanismos do organismo” mas que “é importante dizer que comemos alimentos e não estes compostos de forma isolada”. A alimentação é considerada, portanto, apenas parte do puzzle. “A gestão do stress, sono, saúde intestinal, actividade física e o cultivo relações nutritivas têm um papel igualmente crucial na nossa saúde e na prevenção de doença”.
Já Mafalda Rodrigues de Almeida, nutricionista e autora de vários livros, lembra que é importante praticar “uma alimentação sazonal e colorida” mas também “ter um consumo proteico adequado”, já que as proteínas são essenciais para a produção de anticorpos, e “reforçar os probióticos e prebióticos”, uma vez que “uma flora intestinal saudável e funcional é o primeiro passo para um sistema imunitário sólido”.
O consumo de superalimentos, por exemplo, que apesar de ainda não terem “definição científica oficial” são comumente referidos como tendo “níveis elevados de uma determinada substância, normalmente vitaminas, minerais ou fitoquímicos, com características benéficas para a saúde”, não vai compensar os efeitos de uma alimentação desequilibrada. “Não existem alimentos milagrosos”, termina. No entanto, há alguns que ajudam. E não estamos a falar de opções invulgares como “clorela, camu-camu ou baobab” mas sim de ingredientes a que todos os dias temos acesso nas prateleiras dos supermercados como feijão, quinoa, sementes de chia ou cacau cru.
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