Já muito se disse e
escreveu sobre Ana Salazar, sobre o seu vanguardismo e a sua ousadia,
sobre a forma como levou o nome da moda portuguesa até aos mais importantes
centros criativos mundiais. Muitas peças foram vestidas, muitos comentários
foram feitos antes, durante e depois de cada desfile de apresentação de uma
nova coleção. Ana Salazar faz parte da história da moda em Portugal e terá
sempre direito a diversos capítulos. Vários motivos – entre os quais a doença e
consequente morte do marido, Manuel Salazar, em 2010, ocupam lugar de
destaque – conduziram a que a criadora de moda vendesse a empresa com o seu
nome. Na nova estrutura, assumiria o papel de diretora criativa, deixando para
outros “as burocracias”. Este sonho acabou por se desmoronar e obrigar a
estilista a uma paragem forçada que só terminou no início do verão, com a
apresentação da sua nova marca, Ana by Herself.
Sobre o passado recente a criadora foi aconselhada a não falar, pois ainda
correm processos em tribunal. Ainda assim, faz questão de fazer um
esclarecimento: “Existe uma grande confusão sobre este assunto que até
mereceu destaque em vários jornais. Quem deve é a empresa Ana Salazar Lda. Quem
deve é a empresa ou marca e não a pessoa.”
Explicação dada, o olhar procura um novo horizonte, enquanto se curam algumas
feridas: “Foi um golpe muito duro, mas tenho de pensar que recomeçar é bom.
Muitas vezes sinto-me uma fénix renascida e acredito que até poderá ser melhor,
ainda que reconheça que fazer uma marca com a força que a Ana Salazar tinha no
mercado é um desafio muito grande.”
Sempre apoiada pela filha, Rita, e pelo “amigo especial”, como se
refere a Nuno Reis, sublinhando que este a tem acompanhado “de forma
permanente” e que com ele tem contado “nesta nova fase da minha vida”,
a estilista, que recentemente celebrou 72 anos, garante que este regresso ao
trabalho só pecou por tardio: “A minha filha manteve a loja da Avenida de
Roma e as clientes passavam constantemente por lá para saber quando é que
apresentava uma nova coleção. Fiquei muito sensibilizada com isso e, na
verdade, já estava cansada destes anos forçosamente sabáticos. Foram momentos
muito difíceis e até a Rita insistia para que trabalhasse, porque estava a
ficar neurótica”, explica sorridente, acrescentando: “Não sou nem nunca
fui uma mulher de ficar parada. Desde muito cedo que me habituei a ter uma vida
intensa e com muita movimentação e viagens, tanto para o estrangeiro como em
Portugal, entre visitas aos fabricantes, desfiles, sessões fotográficas e tudo
o que está normalmente associado ao processo criativo. Por isso, voltar a
trabalhar é muito bom, pela simples razão de que é aquilo que mais gosto de
fazer. A moda é a minha grande paixão!”
Apesar de todos os cuidados na escolha das palavras sobre o passado recente,
Ana Salazar confessa que viveu momentos muito difíceis: “Durante toda a
minha vida sempre disse que ter dinheiro servia apenas para não ter que pensar
nele. Hoje, existe um constrangimento grande por não ter recebido qualquer
dinheiro pela transação e isso conduziu-me a uma situação muito complicada…
Nem sei como me tenho aguentado”, desabafa.
Quanto ao futuro, a recém-nascida Ana by Herself promete novidades para breve,
nomeadamente com a apresentação de novas parcerias e novas coleções, nas quais
as peças para homem poderão merecer um lugar de destaque.
Ana Salazar confessa-se: “Foi duro, mas sinto-me uma fénix renascida”
Com o apoio da filha, Rita, e de Nuno Reis, o seu companheiro nesta nova aventura, a estilista abandonou um período sabático e voltou ao trabalho, com a convicção de que a marca Ana by Herself, recentemente apresentada, marca uma nova etapa na sua vida.
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