O fim de um casamento não se supera de um dia para o outro, sobretudo quando há traições envolvidas, como parece ter acontecido com
Carolina do Mónaco, de 53 anos, e
Ernst de Hannover, de 56. Recorde-se que pouco depois de se tornar pública a separação, no fim do verão de 2009, o príncipe alemão era fotografado aos beijos com a empresária marroquina
Myriam I., 15 anos mais nova, durante umas férias na Tailândia. Por isso, não é de estranhar que, mais de um ano depois de se ter separado, a princesa ainda não tenha ultrapassado definitivamente o luto.
E se há dias em que Carolina começa a mostrar-se mais radiosa e animada, e até com o rosto menos marcado pelas rugas que o sofrimento lhe vincou – como já se viu, o facto de ser princesa não envolve ninguém numa redoma de proteção contra os momentos maus da vida, e Carolina tem tido a sua dose deles -, há outros em que ainda se vai abaixo e aparece de novo tristonha e de semblante carregado.
Foi o que aconteceu na sua primeira saída em Saint-Rémy, localidade francesa onde vive desde que se separou, depois de terem sido publicadas fotos recentes de Ernst com uma nova namorada. Ou, melhor, uma amante, pois, para todos os efeitos, o príncipe alemão e a princesa monegasca ainda são casados. Certamente incomodada por ver que, apesar de não estarem divorciados, o marido não se priva de exibir as relações que tem, Carolina terá também ficado um pouco chocada ao ver Ernst em muito melhor forma do que quando estavam juntos. Um sinal, no fundo, de que longe dela o príncipe estará mais equilibrado, provavelmente até mais controlado no que diz respeito ao consumo de álcool. E, em última análise, isso poderá significar que Carolina não terá sido capaz de lhe dar a estabilidade emocional de que ele necessitava.
Recorde-se que, quando ambos eram ainda muito jovens, Ernst viveu anos a tentar conquistar Carolina, com a bênção da princesa
Grace. Esta achava-o um ótimo partido para a filha que, ao casar-se com ele, ganhava o título de Sua Alteza Real (a que os Hannover têm direito pelo facto de descenderem da família real inglesa e de terem ocupado o trono britânico). Carolina, no entanto, nunca pareceu especialmente interessada nele, mantendo a relação ao nível da amizade.
Ernst terá sofrido com isso e terá tido alguma dificuldade em vê-la casar-se, com apenas 21 anos, com o banqueiro e
playboy francês
Philippe Junot, 17 anos mais velho. Este casamento só duraria dois anos, mas entretanto o príncipe decidira seguir a sua vida e tornara-se noivo de
Chantal Hochuli, herdeira de uma família de endinheirados chocolateiros suíços, com quem se casou em 1981 e teve dois filhos,
Ernst August e
Christian.
Com Ernst casado, Carolina envolver-se-ia temporariamente com
Robertino Rossellini (filho da atriz
Ingrid Bergman e do realizador
Roberto Rossellini), mas, pouco depois, conheceria o italiano
Stefano Casiraghi, sem dúvida a grande paixão da sua vida, com quem se casaria em 1983 e formaria uma família feliz até à morte trágica do herdeiro italiano num acidente de barco, em outubro de 1990.
Carolina mergulharia, então, num profundo desgosto, só encontrando algum consolo junto dos filhos,
Andrea,
Charlotte e
Pierre Casiraghi. E nos momentos passados com o seu velho amigo Ernst, que, não se sentindo especialmente feliz ao lado de Chantal, não desperdiçou esta oportunidade de se reaproximar da princesa monegasca, fazendo tudo o que estava ao seu alcance para a distrair e animar. Os esforços de Ernst deram a machadada final no casamento com Chantal, mas acabaram, também, por vencer a resistência de Carolina, que precisava absolutamente de ter a seu lado um ombro amigo e protetor. Além disso, Ernst remetia-a para os tempos de juventude, quando a mãe ainda era viva e ela uma princesa despreocupada e intocada pelo sofrimento. Por isso, em 1999, já grávida da sua quarta filha,
Alexandra de Hannover, casar-se-ia com ele.
Após este
flashback, surgem algumas questões inevitáveis: Carolina recebeu muito de Ernst, mas ter-lhe-á dado na mesma medida? Terá conseguido corresponder aos sentimentos intensos que o príncipe nutria por ela? Terá amado ou ter-se-á simplesmente deixado amar, passiva e confortavelmente? Tudo parece indicar que a necessidade imperiosa de amparo e conforto levou Carolina a avançar para o casamento sem verdadeiramente amar Ernst. E isso tê-lo-á afetado profundamente, tornando-o um homem amargo, conflituoso e dependente do álcool, bem diferente do jovem bem parecido, elegante, sorridente e de bem com a vida que aparentava ser em adolescente e jovem adulto.
Um dia, talvez na sequência da desintoxicação que teve que fazer (recorde-se que o consumo excessivo de álcool chegou a pô-lo em perigo de vida), Ernst terá acordado deste torpor e terá querido recuperar o seu velho "eu". E ser amado em vez de só amar. Por isso, afastou-se de Carolina. Quanto a esta, ficou de novo frente a frente com a solidão e os fantasmas do passado, o que a mergulhou, uma vez mais, numa depressão que está a ser difícil de ultrapassar. E se há dias em que a princesa consegue mostrar-se menos triste do que há um ano (sobretudo em situações oficiais, quando assume o papel de primeira-dama monegasca, o sentido de dever fá-la apresentar-se sorridente), a verdade é que, quando se sente a salvo dos olhares públicos e das objetivas dos fotógrafos, essa pose cai por terra. O facto de se terem assinalado em outubro os 20 anos da morte de Stefano Casiraghi e o reviver dos bons momentos que passou com ele não terá ajudado a acalmar o carrossel de emoções em que a princesa tem vivido.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.