A mais elegante das rainhas vive momentos conturbados, com parte da população jordana a pôr em causa a sua honestidade e, consequentemente, o seu casamento, já que o rei
Abdullah II sofre pressões para a afastar. A questão foi levantada com uma carta aberta assinada por 36 líderes tribais, que representam cerca de 40% da população jordana (maioritariamente constituída por palestinianos), na qual Rania é acusada de corrupção e de utilizar os recursos do reino para
"promover a sua imagem pública, contra os interesses da população jordana". A carta exige ainda que o rei restitua aos jordanos as terras de que teriam sido expropriados a favor dos familiares de Rania e não poupa sequer a festa que a rainha deu por ocasião do seu 40.º aniversário, em setembro:
"Rejeitamos festas de aniversário ofensivas pagas à custa dos pobres e dos meios públicos."

Claro que as críticas surgem enquadradas pela crise que se vive no Médio Oriente, com diversos regimes a enfrentarem a contestação das populações – que já provocou, como se sabe, a queda do presidente egípcio,
Hosni Mubarak, e deu origem a uma situação de grande instabilidade na Líbia -, e devem ser consideradas sérias, até porque na Jordânia uma simples crítica à família real é punível com pena de prisão.

A contestação será um pouco mais ácida no que respeita à rainha, mas não deixa o rei intocado:
"Mais do que estabilidade e comida, o povo jordano procura liberdade, dignidade, democracia, justiça, igualdade, direitos humanos e o fim da corrupção", escrevem ainda os referidos líderes tribais. E apesar de se tratar de um regime no qual o parlamento é eleito pela população, continua a ser o rei a nomear o primeiro-ministro, o que a oposição tem contestado de forma especialmente determinada nas últimas semanas, quando se tem assistido a algumas manifestações de rua.

Numa tentativa de apaziguar os ânimos, Abdullah II substituiu o primeiro-ministro e dirigiu ao governo, ao parlamento e à justiça um apelo ao combate à corrupção. Por outro lado, terá pedido a Rania que se mantenha mais discreta e reservada. É inegável que a rainha jordana tem tido grande visibilidade mediática, muito pelo facto de se dedicar a causas de solidariedade de relevância internacional, mas sobretudo por ser bonita, elegante e fotogénica (sobressai facilmente nas passadeiras vermelhas pelo porte e pela opção da alta-costura no seu guarda-roupa), por certo a mais destacada entre as rainhas dos países muçulmanos.

Apesar de tudo, e por muitas pressões que possa sofrer, parece improvável que Abdullah II venha a optar pelo divórcio, pelo menos a curto prazo. Ao que se sabe, o rei continua apaixonado pela mulher, de quem tem quatro filhos, e o mais certo é que vá tentando apaziguar os ânimos sem ter de sacrificar a felicidade familiar. Ainda assim, é muito difícil prever como agirá se começar a ver o poder a fugir-lhe das mãos…
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.