Profundamente incomodada com esta notícia indigesta, no passado dia 9 de março a rainha convocou pública e oficialmente André – segundo consta, o seu filho predileto e aquele a quem sempre perdoou os passos em falso – para uma reunião, com o objetivo de lhe arrancar toda a verdade. Isto porque só sabendo a verdadeira extensão da coisa poderá – ou não – envolver-se na sua defesa.
E o envolvimento de Sua Majestade nesta questão não é movido apenas por interesse maternal. Mesmo que com o necessário aval do Governo, Isabel II indicou André para o cargo de embaixador especial do comércio externo britânico. Um cargo que exige uma postura exemplar e que boa parte da opinião pública inglesa defende agora que lhe deverá ser retirado. Até porque há também muitas dúvidas no ar quanto às ligações do príncipe (que em 2010 recebeu 700 mil euros em despesas de representação) a países liderados por políticos corruptos…
As tropelias de André estão a fazer a rainha enfrentar um terrível dilema entre a razão e o coração. A razão vencerá certamente, pois a soberana pôs sempre o dever à frente de tudo o resto, mas se se provar que André fez mais do que simplesmente assistir às tais festas de Epstein (que, curiosamente, lhe foi apresentado pela sua ex-mulher, a sempre polémica Sarah Ferguson, que já recebeu dinheiro do milionário para pagar dívidas!), isso não implicará apenas o escândalo e a perda do cargo diplomático. Implicará, pelo menos, que a monarca seja a primeira a punir o filho, afastando-o do cargo, mas também da vida pública, e retirando-lhe os privilégios de Alteza Real, que incluem a ‘mesada’ de 286 mil euros que ela própria lhe dá. Um duro golpe que Isabel II poderá não aguentar, passando a ‘batata quente’ ao príncipe Carlos. Ou seja, abdicando.
*Este texto foi escrito nos termos do novo acordo ortográfico.