Charles Phillippe d’Orléans, duque de Anjou, não viveu estes tempos, mas têm-nos bem presentes na memória graças às histórias que a sua avó, a condessa de Paris, lhe contava sobre a Quinta do Anjinho, a casa da felicidade, refúgio da família real francesa.
A história das principais famílias reais europeias, como a espanhola, francesa e italiana, que encontraram em Portugal um refúgio real. Um retrato único e original sobre o dia a dia, os casamentos que se realizam, as festas, os momentos de lazer, mas também os momentos trágicos como a morte de Afonso de Espanha.
A Europa era devastada por uma guerra cruel e mortífera, Portugal, país neutral, torna-se num destino apetecível para milhares de refugiados que procuram fugir dos horrores da ameaça nazi. Entre estes estão príncipes, reis sem coroa e membros das grandes monarquias europeias que encontram em Portugal um refúgio real. Em 1940, Wallis Simpson e o duque de Windsor e o rei Carol da Roménia que acabava de ser deposto, chegam a Portugal. Seis anos depois é a vez da família real espanhol se instalar no Estoril. Segue-se o rei Humberto e a rainha Maria José de Itália e a família real francesa. Cascais, Estoril e Sintra, o chamado Triângulo Dourado, locais que recebem estes visitantes de luxo. O bar do Hotel Palácio serve o conde de Barcelona e o conde de Paris, as águas do Guincho acolhem as proezas dos jovens príncipes espanhóis e franceses, o restaurante O Pescador é o eleito da condessa de Barcelona que adora os ‘santiaguinhos’, o São Carlos acolhe o rei Humberto ávido de divertimento.
O príncipe Charles d’Orléans, duque de Anjou, descendente em linha direta dos reis de França. Nasceu em França e vive atualmente em Portugal. Primo do atual chefe da casa real portuguesa, Dom Duarte, duque de Bragança, Charles d’Orléans é casado com Diana de Cadaval, e tem laços familiares ou de amizade com todas as casas reais europeias.
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O meu casamento trouxe-me até ao país de exílio dos meus avôs. Vivo em Portugal desde 2008 e desde que aqui cheguei é frequente ouvir em conversa ‘Parece que o rei de Espanha morou ali naquela casa’, ‘Sim, sim, o rei de Itália jantou nesta mesa!’, ‘foi naquele hotel que ficavam hospedados os espiões durante a II Guerra Mundial’, ou ainda ‘O rei da Roménia ia muitas vezes nadar ao Guincho’…
A passagem dos Windsor por Portugal
O duque e a duquesa de Windsor não sabem, quanto tempo vão permanecer em Portugal, nesta casa que é agora a sua. Não sabem qual será a próxima etapa do seu longo périplo. Os Windsor encontram-se, como milhares de outras pessoas, na paz e serenidade de Portugal. E como outros tantos refugiados apreciam a boa vida que o país lhes proporciona.
A chegada do rei Carol
Três meses depois de terem chegado a Portugal, Carol e Duduia partirão para novas aventuras. Regressarão seis anos depois para ali ficarem o resto das suas vidas e ali morrerem em toda a tranquilidade.
Riviera portuguesa
No meio do drama europeu, do sofrimento, do sangue, da morte e do ódio que atravessa o Continente, existe um pequeno paraíso na Europa que parece alheio a tudo isto. A poucos quilómetros de Lisboa, a zona residencial do Estoril e Cascais torna-se, com os seus hotéis de luxo, o seu casino, as suas praias e os seus restaurantes, numa estranha bolha de paz onde o resto do mundo parece não existir.
A chegada da família real espanhola
Os meios de comunicação social estão presentes para fotografar o pretende ao trono de Espanha que segundo o relato dos jornalistas é recebido num ‘ambiente de requintada elegância onde não faltavam também ricos casacos de pele e calças listadas a impor um ar de cerimónia’.
O rei Humberto II e a rainha Maria José
Em três dias, a solícita marquesa de Cadaval preparou a Villa Bella Vista para receber a família real italiana e o seu séquito. No total, cerca de trinta pessoas. Uma tarefa hercúlea, já que esta casa, adjacente àquela onde Olga vivia, não era habitada há muito tempo, exceto por uma colónia de ratos.
A chegada da família real de França
Para travar conhecimento com todos os membros, príncipes e princesas, das famílias reais exiladas em Portugal, os infantes de França decidiram convidá-los para uma grande representação teatral. Rude prova para o pequeno jardim dos Espírito Santo! Rude prova igualmente para o amor-próprio materno da condessa de Paris, que no fundo, se divertiu bastante com as tolices dos seus filhos…
A coroação dos príncipes
Uma das formas de ultrapassar a infelicidade de um exílio forçado foi, para muitas destas famílias reais poder conviver com outros príncipes com quem se entendem bem e com quem podem partilhar a vida. No Estoril, terra das duas primaveras, costa dos dois sóis e paraísos de todos os ricos forma-se uma verdadeira corporação dos príncipes.
A educação dos herdeiros
Ao domingo, vão à missa ao lugar de Linhó, a um quilómetro da Quinta, na igreja do convento e colégio das Irmãs de Santa Doroteia, celebrada pelo padre D. Martim, beneditino da Abadia de Maredsous, Bélgica, que vive em Portugal há alguns anos.
As casas da felicidade
Os tempos vividos no exílio são tempos de alguma felicidade. As famílias reais levam uma vida tranquila e muito familiar. É certo que estas famílias estão fora do seu país natal, e isso deixa sempre uma certa amargura, nomeadamente no coração dos reis sem coroa. Mas para os mais novos, os tempos vividos no exílio, são tempos de muitas brincadeiras, alguns disparates e muito companheirismo.
Casamento à italiana
12 de fevereiro de 1955. Cascais assiste a um casamento de sonho. O de Maria Pia com Alexandre. Um casamento real como há muito não se via, numa Europa, onde agora quem manda são as várias repúblicas instaladas.
A tragédia bate à porta do Estoril
É quinta-feira, 29 de março de 1956. A condessa de Barcelona vê Pilar a descer rapidamente e aos gritos, seguida por Juanito. O coração sobe-lhe à garganta. Não sabe o que se passa, mas vendo os rostos transfigurados dos filhos, ela sabe que alguma coisa de grave aconteceu. Nesse instante aparece também D. Juan. Sobem as escadas a correr, cada um tentando chegar mais depressa do que o outro. E deparam-se com a tragédia: um corpo está estendido no chão, banhado em sangue, inerte. Afonso está morto.
Visitas reais
A 16 de fevereiro a rainha Isabel aterra no aeroporto do Montijo, às15h20, onde é recebida pelo governo português e pelo marido Filipe, duque de Edimburgo que anda a viajar há vários meses a bordo do iate real Britannia. Filipe deu a volta ao mundo e visitou todas colónias e possessões inglesas. Reencontra-se ao fim de quatro meses com a sua mulher em Lisboa.
O glamour dos anos 60
Em setembro de 1968 Portugal torna-se no ‘centro do mundianismo internacional’, o palco de festas nunca antes vistas num país discreto e recatado que despertam a curiosidade e as atenções de todo o mundo. De um dia para o outro, começam a chegar ao aeroporto da Portela, jatos particulares, as águas acolhedoras da baía de Cascais recebem iates grandiosos com passageiros de luxo. Estrelas de Hollywood pisam o solo português. Dezenas de príncipes e princesas, herdeiros de tronos, condes e condessas; empresários e homens de negócios como Henry Ford, o magnata dos automóveis, ou o armador grego Niarchos, a algumas das mais belas mulheres do planeta, alguns dos mais famosos playboys como o ator alemão Curd Jurgens ou o seu colega americano Douglas Fairbanks Júnior, deslocam-se até ao noso país.