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Os duques de Palma
Reuters
Depois de ter sido tornado público que seria constituído arguido num caso de fraude e desvio de dinheiros públicos, Iñaki Urdangarín, marido da infanta Cristina de Espanha, afirmou a sua inocência através de um comunicado enviado à agência noticiosa EFE. “Quando souber os pormenores das diligências tomadas pelo Tribunal de Instrução número 3 de Palma de Maiorca, que por enquanto permanecem em sigilo, poderei pronunciar-me sobre o seu conteúdo”, começa por dizer o antigo jogador andebol, acrescentando que defenderá a sua “honra e inocência neste assunto com a convicção de que a [sua] atuação profissional sempre foi correta”.
O Departamento de Combate à Corrupção das Baleares acusa Iñaki Urdangarín de “apoderar-se” de “fundos públicos” do Governo balear, utilizando facturas falsas e inflacionadas para pagamento de serviços fictícios. O papel do duque de Palma neste ‘processo’ seria o de “entender-se” com os “responsáveis políticos” para desviar dinheiro de uma rede corporativa criada apenas para este fim.
No auto, o juiz José Castro escreve que a investigação sobre Urdangarín, os seus sócios no Instituto Nóos, do qual era presidente, e as autoridades implicadas, indica a prática dos crimes de fraude, prevaricação, falsificação de documentos e desvio de dinheiros públicos. Um dos pontos-chave deste processo é a receção por parte do Instituto Nóos de 2,3 milhões de euros referentes ao pagamento pela organização, em Maiorca, de um Fórum de dois dias dedicado ao turismo e ao desporto, que teve lugar entre 2005 e 2006. Fontes próximas da investigação indicam que o custo real das duas conferências e o dinheiro pago à empresa de Urdangarín apresenta um desvio de cerca de 2 milhões de euros.
O caso que agora se torna público já é comentado há algum tempo, nomeadamente, desde o verão de 2009, altura em que os duques de Palma se mudaram para Washington. Nesse verão, Urdangarín foi nomeado presidente da Comissão de Assuntos Públicos da Telefónica para a América Latina e Estados Unidos. Uma nomeação que, segundo se comentou, defendia mais os interesses dos duques em mudarem de país do que às suas necessidades laborais. Nessa altura, começou a falar-se em alguns círculos próximos da família real que esta mudança estava, única e exclusivamente, relacionada com a dimensão dos negócios de Iñaki e Cristina, sócia de algumas sociedades do marido.
A compra de um palacete de seis milhões de euros numa das zonas mais luxuosas e exclusivas de Barcelona foi o primeiro sinal de ‘alarme’ de que os negócios do duque de Palma iam de vento em popa. A infanta Cristina continuava a trabalhar na Fundação La Caixa e, para além disso, o casal recebia, e deverá continuar a receber, uma mesada atribuída pelo rei Juan Carlos, proveniente do dinheiro que é recebido para Casa do Rei. A compra desta casa, que esteve fechada desde 2009 e apenas foi alugada no início de 2011, surpreendeu os espanhóis, ‘incrédulos’ em como o casal alcançou tamanha prosperidade ao fim de sete anos de casamento.
Até ao momento a Casa Real espanhola ainda não fez qualquer comentário a este caso.