Quinze dias depois das
mega-comemorações do seu Jubileu de Diamante, Isabel II voltou a
celebrar com grande aparato uma data importante: o 86.º aniversário do seu
nascimento. Um festejo que deveria ter tido lugar a 21 de abril, dia do
nascimento da rainha, mas que devido à instabilidade climática inglesa é desde
há muito assinalado num sábado de junho.
Este aniversário teve, como sempre, os seus pontos altos na imponente parada
militar Trooping the Colour, em que a rainha passa em revista regimentos dos
três ramos das forças armadas, e a reunião de toda a família real na varanda
principal do Palácio de Buckingham.
Imparável, como sempre, dois dias depois a soberana octogenária estava com
toda a sua família mais direta em Windsor, para a cerimónia de entrega da Ordem
da Jarreteira, a mais antiga ordem de cavalaria britânica, fundada em 1348 por Eduardo
III. Um momento visualmente imponente, pois todos os membros da ordem
surgem com longas capas de veludo azul escuro e chapéus com plumas brancas.
Se é certo que um dos maiores encantos da monarquia inglesa é, precisamente, a
pompa e circunstância com que assinala os dias especiais, também é verdade que
este pode ser o seu maior defeito. Pelo menos do ponto de vista dos
republicanos, que não se cansam de frisar que os Windsor são a família real
mais cara do mundo, custando aos contribuintes cerca de 250 milhões de euros
por ano. Um valor que inclui gastos com segurança, pessoal doméstico e
administrativo, receções oficiais, viagens, manutenção do património
imobiliário e restauro de móveis e obras de arte, entre muitas outras.
Naturalmente, duas comemorações faustosas com tão pouco tempo de intervalo – e
tendo em conta que só para a fatura do jubileu (que não inclui a regata, paga
com donativos particulares) os contribuintes tiveram este ano que desembolsar
1,2 milhões de euros extra – vieram dar força às vozes preocupadas com tanta
despesa num momento em que as finanças inglesas sofrem com a crise que afeta a
Europa. Uma dessas vozes foi, aliás, a do governador do Banco de Inglaterra,
que considerou a marcação de mais um feriado, para possibilitar que o jubileu
durasse quatro dias, desastrosa para a economia.
A esse coro de descontentes opõem-se todos os que garantem que a monarquia é
uma das “marcas” que mais contribui para o Produto Interno Bruto do país – num
valor difícil de calcular, mas que pode ascender aos 54,6 biliões de euros.
Estes últimos são, também, os que mais se alegram com o resultado de uma
sondagem feita pelo Sunday Express, segundo a qual Isabel II atingiu
este ano o recorde de popularidade dos seus 60 anos de reinado, com 80 por
cento dos inquiridos a considerar bom o contributo da rainha para a imagem de
Inglaterra.
Recorde-se que a popularidade de Isabel II sofreu um rude golpe em 1992 (que
ela própria considerou o seu annus horribilis, devido aos divórcios dos
seus três filhos mais velhos), e que em 1997 ficou pelas ruas da amargura, na sequência
da morte da princesa Diana. Lentamente, porém, esses tempos foram
esquecidos e no ano passado o casamento de William e Kate
reconciliou completamente os ingleses com a família real. Agora, o
reconhecimento da dedicação e dignidade com que a soberana tem cumprido a sua
tarefa ao longo de 60 anos fez o resto.
Isabel II no centro de mais uma festa grandiosa
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Isabel iI com o marido, o príncipe Filipe
Getty Images
Isabel iI com o marido, o príncipe Filipe
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Apesar de algumas vozes criticarem o despesismo de todas as festas ligadas à monarquia, a imagem de Isabel II, que depois do Jubileu festejou o 86.º aniversário, atingiu este ano o seu recorde máximo.