No início deste ano parecia que o processo que Meghan tinha aberto contra uma publicação britânica por esta ter divulgado uma carta privada tinha ficado encerrado. Naquela altura, o juiz Warby, responsável pelo caso, deu razão à duquesa de Sussex, dando a Associated Newspapers como culpada por violação de privacidade de Meghan.
No entanto, o grupo responsável pelo jornal britânico Mail On Sunday recorreu da sentença e é agora Meghan quem se vê obrigada a pedir desculpa perante o tribunal. Mas recuemos um pouco no tempo para se entender melhor esta reviravolta inesperada. Em janeiro deste ano o juiz recebeu vários documentos e ouviu testemunhos através de videochamada, com o objetivo de decidir se era necessário que o caso chegasse a julgamento, com a presença de todas as partes (incluindo a duquesa), ou se aquilo que viu e ouviu era suficiente para ditar a sentença.
Neste caso, a sentença saiu favorável a Meghan: o juiz considerou que o Mail On Sunday tinha violado a privacidade da duquesa ao publicar na íntegra uma carta privada que esta tinha escrito ao pai, Thomas Markle, alguns meses antes, em 2018, um documento que deveria ter continuado na esfera privada. Paralelamente, dava-lhe também razão quanto aos direitos de propriedade intelectual, dado que eram palavras e ideias que tinham saído da sua cabeça. Certo? De facto, pode não ser bem assim.
Agora, a Associated Press interpôs um recurso com o objetivo de que tenham que ir a julgamento, no qual a duquesa terá que estar presente. Este pedido assenta principalmente em provas apresentadas por um testemunho que parece ter mudado de ideias (e de lado). Jason Knauf é o atual diretor executivo da Fundação do Duque e da Duquesa de Cambridge e naquela altura, em 2018, era secretário de comunicação da Royal Foundation.
Nas audiências em janeiro, Knauf tornou-se num inesperado aliado de Meghan, especialmente no processo relacionado com os direitos de propriedade intelectual da carta. Enquanto da parte da editora reclamavam que os direitos não tinham sido infringidos e que Meghan tinha pedido ajuda a Jason para redigir a carta, este afirmou que não foi autor de nenhuma parte da missiva e que apenas tinha discutido com Meghan algumas “ideias gerais”. No entanto, assegurou ao juiz naquela altura, as palavras concretas usadas na carta tinham sido da autoria da duquesa.
E se esse testemunho foi a chave para o desfecho do processo, agora é também o motivo pelo qual Meghan terá que pedir desculpa. O seu ex-secretário apresenta agora provas de que a duquesa tinha noção de que a carta poderia ser publicada, como mensagens trocadas entre os dois. “Obviamente que tudo o que escrevi é com a consciência de que poderá ser publicado, pelo que fui meticulosa na escolha das palavras”, é o suposto conteúdo de uma das mensagens.
Além disto, surge também a história da biografia dos duques de Sussex “Finding Freedom”, da autoria de Omid Scobie e Carolyn Durand. Sempre foi dito que Harry e Meghan não tiveram nada que ver com o conteúdo do livro, mas Knauf diz agora que afinal isso também não é exatamente assim. O homem assegura que Meghan lhe deu diversos dados para partilhar com os autores, incluindo sobre a relação que tinha com os meios-irmãos. Já a duquesa viu-se obrigada a pedir desculpa ao tribunal, alegando não se recordar da troca de e-mails com Knauf.
Nas próximas semanas espera-se que o juiz Warby se pronuncie novamente sobre o caso, altura em que se ficará a saber se Meghan (e os restantes envolvidos) terão ou não que ir a tribunal.