Isabel II nasceu a 21 de abril de 1926. Uma época onde ainda estavam instauradas algumas tradições da monarquia que hoje em dia podem ser vistas como bizarros. Prova disso é que a chegada ao mundo da atual rainha foi testemunhada por um ministro, pois assim ditavam as regras.
Marc Roche, especialista monárquico, recorda a situação no livro “Isabel II – A Biografia”, publicado pela Editorial Presença. Jornalista que trabalhou com o Le Monde, BBC, Le Soire e La Tribune, conta, nesta obra, algumas curiosidades sobre a vida mais íntima da monarca, que assinala em 2022 o Jubileu de Platina, isto é, 70 anos de reinado. Um dos primeiros temas abordados é o nascimento da Isabel II e as circunstâncias que o rodearam.
O especialista recorda que Isabel II nasceu no n.º 17 de Bruton Street, em Mayfair, Londres. Uma casa que pertencia a lorde e lady Strathmore, pais da duquesa de York, que mais tarde iria ser conhecida como Isabel I e Rainha-Mãe. O parto foi acompanhado por três dos melhores ginecologistas do reino e pelo ministro da Administração Interna William Joynson-Hicks.
Os três ginecologistas tinham a missão de trazer ao mundo, com saúde, a bebé que um dia se iria tornar rainha, garantindo, ao mesmo tempo, a segurança da mãe. Uma missão que se tornou complicada, devido à apresentação pélvica do bebé, e que fez os especialistas falarem sobre a possibilidade de efetuarem uma cesariana. Felizmente, tudo acabou por correr pelo melhor.
Mal qual a função do ministro neste cenário? Marc Roche recorda que Joynson-Hicks estava a cumprir uma tradição que remonta a 1688, quando Jaime II nasceu. Na altura, houve fortes especulações de que o verdadeiro herdeiro do trono tinha morrido no parto, tendo sido substituído por outra criança. De modo a evitar dúvidas, ficou decidido que os nascimentos de qualquer criança que iria ocupar um lugar na linha de sucessão ao trono britânico teria de ser assistido por um representante do governo.
Joynson-Hicks tinha então o objetivo de verificar se o parto acontecia dentro das conformidades e reportar tal ao primeiro-ministro. Foi o que fez. Na altura, a hipótese de Isabel II vir a subir ao trono era remota, pois acreditava-se que o tio, Eduardo VII, o primeiro na linha da sucessão, ainda viria a casar-se e a ter filhos. Contudo, este abdicou do trono pouco depois de a ele subir, para se casar com a americana divorciada Wallis Simpson, dando assim lugar ao irmão, Jorge VI, e depois à sobrinha, Isabel II.
Esta tradição que exigia que um representante do governo assistisse aos partos de crianças que iriam ocupar lugares na linha de sucessão britânica foi erradicado em 1948, ano em que nasceu o primeiro filho de Isabel II, o príncipe Carlos. Uma mudança que aconteceu após uma longa análise, na qual se recorreu a peritos e a registros históricos.
Estes e outros factos sobre a rainha de Inglaterra são expostos no livro de Marc Roche “Isabel II – A Biografia”.