O príncipe Hamzah da Jordânia renunciou ao seu título e usou a sua conta no Twitter para explicar os motivos que o levaram a tomar esta decisão, que prova definitivamente o seu distanciamento em relação ao irmão, o rei Abdullah.
“Pelo que presenciei nos últimos anos, cheguei à conclusão de que as minhas convicções pessoais, que o meu pai me incutiu e às quais tanto tentei aderir ao longo de minha vida, não estão em sintonia com as abordagens, tendências e métodos modernos das nossas instituições”, começou por escrever, criticando a forma como o irmão mais velho lidera o país.
“Por uma questão de honestidade com Deus e com a minha consciência, não vejo outra escolha a não ser renunciar ao título de príncipe. Tive a grande honra de servir o meu amado país e meu amado povo durante anos da minha vida. Permanecerei leal à nossa amada Jordânia, como sempre fui e sempre serei”, concluiu.
De recordar que a inimizade entre Hamzah e o atual soberano é já antiga. Após a morte do pai de ambos, o rei Hussein, em 1999, Abdullah subiu ao trono e decidiu manter a vontade do pai, nomeando o irmão mais novo como príncipe herdeiro. No entanto, em 2004, Abdullah retirou o título a Hamzah para o dar ao filho mais velho, o príncipe Hussein, fruto da relação com a rainha Rania,
Esse seria o início dos problemas entre os dois irmãos, que ganhou uma nova dimensão em abril do ano passado, quando Hamzah foi detido, acusado de participar num complot que tinha como objetivo derrotar o soberano. Na altura, o príncipe negou o seu envolvimento em tais atos e pouco depois emitiu um comunicado onde manifestava lealdade à Jordânia e ao rei. Quase um ano depois, em março deste ano, Hamzah emitiu um comunicado onde assumiu responsabilidades e pediu o perdão do irmão por um episódio que classificou como “lamentável”, garantindo que não se repetirá.
“Enganei-me, Majestade, e enganar-se é humano. Sou responsável pelas posturas que adotei e pelas ofensas que cometi contra Sua Majestade e o nosso país nos últimos anos e que culminaram no caso de sedição. Espero o perdão de Sua Majestade, sabendo que sempre foi muito indulgente”, referia a missiva, que parecia – sabe-se agora que erradamente – pôr um ponto final na relação complicada entre os dois irmãos.