O príncipe Harry contou pela primeira vez como soube que a mãe tinha morrido. Na sua autobiografia, intitulada Spare – que será posta à venda no próximo dia 10 de janeiro – o duque de Sussex conta como foi informado do trágico acidente de viação que vitimou a mãe, a 31 de agosto de 1997, em Paris.
Na altura do acidente, o príncipe era ainda muito jovem (faltavam cerca de duas semanas para completar 13 anos). Na noite da morte da princesa de Gales, Harry e o irmão, William, encontravam-se de férias em Balmoral, na Escócia, com o pai e os avós, a rainha Isabel II e o duque de Edimburgo. O então príncipe Carlos dirigiu-se ao quarto do filho mais novo, sentou-se ao lado da sua cama e referiu-se a Harry como “querido filho”.
Depois, revelou que Diana tinha tido um grave acidente e que não conseguiu recuperar das feridas, ainda que os médicos tivessem tentado tudo para que recuperasse. “O meu pai não me abraçou. Não era muito de expressar as suas emoções em circunstâncias normais”, revelou o príncipe, citado pela imprensa estrangeira. “Colocou a mão sobre o meu joelho mais do que uma vez e disse-me : ‘Vai ficar tudo bem'”.
Nessa noite, Harry recorda que não chorou, não falou com ninguém, nem recebeu visitas no seu quarto. Esteve sempre sozinho e pensou que o pai possivelmente teria tido a mesma conversa com o seu irmão. Permaneceu no quarto até às 9h do dia seguinte, quando ouviu as gaitas de foles que todos os dias serviam de despertador à rainha Isabel II.
Nessa manhã de 1 de setembro, seguiu com a sua rotina normal em Balmoral, pensando que não tinha acontecido nada e que a qualquer momento a mãe telefonaria, um pensamento que manteve com o passar do tempo. Hoje em dia, o príncipe considera que esse foi um mecanismo de defesa. Entre a reta final dos seus 12 anos até já depois dos 20 convenceu-se de que a mãe tinha fugido por vontade própria para poder viver uma vida mais descansada e feliz.
Nos dias seguintes à morte de Diana, William e Harry permaneceram em Balmoral enquanto o pai e as as suas tias maternas, Jane e Sarah, viajaram para Paris para tratarem da trasladação do corpo da princesa para Inglaterra. Dessa altura, Harry tem ainda lembranças de ver o caixão da mãe no Palácio de Kensington e da discussão gerada em torno da possibilidade do jovem príncipe participar no funeral de Diana. O seu tio, o conde Charles Spencer, irmão da princesa, considerou que não era adequada a participação de Harry no cortejo fúnebre. Tal como mostraram as imagens na altura, que foram acompanhadas por milhões de pessoas em todo o mundo, Harry acabaria mesmo por participar no último adeus a Diana.