Há apenas alguns meses, os duques de Sussex contavam a sua história na primeira pessoa, não só através do documentário exibido pela Netflix, como também no livro de memórias do príncipe Harry, “Na Sombra”, que foi para as bancas a 10 de janeiro. Entre diversos episódios da sua vida, foi relatada a decisão de lhes retirarem a proteção policial, uma medida tomada antes do início da pandemia, quando abandonaram os deveres reais.
“Não estávamos protegidos e todos sabiam onde estávamos. Sentíamo-nos em pânico face ao que nos poderia acontecer”, referiu Harry. Por esse motivo, os duques de Sussex decidiram usar a via judicial para tentarem que, enquanto estivessem no Reino Unido, pudessem usufruir de proteção policial, ainda que suportada por eles, e esta quarta-feira, dia 22, foram divulgados os primeiros dados económicos relativos a esta batalha.
De acordo com a imprensa britânica, os contribuintes terão desembolsado até agora cerca de 297 mil libras (perto de 334 mil euros) para evitar que Harry e Meghan pudessem usufruir de segurança paga. Este caso, aberto do outono de 2021, é o primeiro de um membro da Casa Real contra o Governo do país. De acordo com um comunicado oficial, o objetivo do duque de Sussex era “garantir a sua segurança e a da sua família enquanto se encontram no Reino Unido para que os seus filhos possam conhecer o seu país de origem”, já que, ainda que Harry e Meghan tenham um grupo de seguranças privados no Estados Unidos, estes não têm qualquer poder no estrangeiro nem acesso a informações privilegiadas no Reino Unido, necessárias para preservar a proteção do casal e dos dois filhos, Archie e Lilibet.
Por outro lado, e tal como informava o mesmo comunicado, o próprio príncipe queria encarregar-se dos gastos relacionados com a sua segurança enquanto estivesse no Reino Unido, para que esse valor não recaísse sobre os contribuintes, sublinhando ainda o risco que Harry corre constantemente simplesmente por ser quem é. “O príncipe Harry herdou um risco de segurança ao nascer. Continua a ser o sexto na linha de sucessão ao trono e, nos últimos anos, a sua família tem sido objeto que ameaças neonazis e extremistas bem documentadas”,
No entanto, a princípio o Ministério do Interior do Reino Unido decidiu recusar a oferta alegando que o valor oferecido pelo filho de Carlos III não era suficiente para cobrir os gastos, pelo que se iniciou a batalha judicial.
Em fevereiro do ano passado decorreu a primeira audiência no Supremo Tribunal de Londres, na qual os advogados dos duques de Sussex alegaram que Harry e Meghan “eram incapazes de voltar ao seu lar por causa da falta de segurança”, não podendo permitir que os filhos criem laços com o país. Em resposta, o Ministério do Interior afirmou que “o pessoal da segurança proporcionado pela polícia não está disponível através de financiamento privado”. Assim, e perante falta de acordo entre as partes, o caso segue em tribunal, o que representará mais custos para os contribuintes britânicos.