Em Inglaterra, o príncipe Harry continua a prestar declarações em tribunal no âmbito do processo contra a Associated Press, que edita publicações como o Daily Mail e o Mail on Sunday, e que acusa, tal como as outras dezenas de queixosos envolvidos no processo, de violação de privacidade e uso de dados pessoais de forma ilegal.
Ontem, segundo dia de audiências, Harry acusou o Palácio de Buckingham, enquanto instituição, de lhe ter escondido a forma como alguns tablóides britânicos tinham acesso a informação privilegiada, nomeadamente ocultando a existência de escutas telefónicas. E acusa a monarquia de cumplicidade com a imprensa sensacionalista nestas práticas ilegais.
O duque de Sussex diz que só teve noção de que tinha o telefone sob escuta quando uma mensagem de voz do irmão, William, tinha sido divulgada na imprensa. “Eu não sabia que o meu telefone tinha sido pirateado, achei que ninguém seria suficientemente estúpido para escutar o meu próprio telefone, dadas as implicações de segurança e as consequências de tais informações privadas acabarem em mãos erradas”, explica.
Harry acusa ainda os representantes do Palácio de não manterem uma comunicação aberta com a família real, ou, pelo menos, com alguns membros da família, onde se inclui, e lembra que sempre teve uma relação difícil com a imprensa por ter crescido sob perseguição dos paparazzi, e mais ainda desde a morte da mãe, Diana, em 1997, quando ele tinha 12 anos.
“Após a morte da minha mãe, e por causa da forma como foi tratada nos órgãos de comunicação, sempre tive uma relação difícil com a imprensa. (…) Contudo, como membro da instituição [real], a política era a de nunca nos queixarmos nem nunca explicarmos. Não havia alternativa, estava condicionado a aceitar. Na maior parte das vezes, aceitei o interesse pelas minhas funções públicas”, explicou Harry.
Mais tarde, quando começou a namorar com Meghan Markle, diz que sentiu que essa relação com os jornais piorou e os dois foram alvo de “ataques persistentes e de assédio”, acusando o Palácio de não ter tomado medidas vigorosas e atempadas que os protegessem.
Esta presença inesperada de Harry em solo britânico surpreendeu a opinião pública e, acreditam alguns comentadores, nomeadamente Richard Fitzwilliams, que o referiu ao Express, a própria família real: “O problema desta aparição é que é uma surpresa e os Sussex gostam de surpreender.”
Recorde-se que Carlos e Camilla tinham planeado uma visita oficial a França e à Alemanha, tendo esta sido alterada por causa dos violentos protestos que decorrem em França e que os obrigaram a cancelar essa parte da viagem. Mantém-se a visita à Alemanha, que começa precisamente esta quarta-feira.