Harry e Meghan decidiram que apenas o príncipe viajará para Inglaterra para estar presente na coroação do pai, Carlos III, a 6 de maio. Uma decisão que poderá mostrar prudência na gestão da sua imagem e uma aposta na recuperação de um ativo muito relevante para a subsistência do casal: a popularidade. Porque os dois têm tido dificuldade em justificar uma aparente incongruência – se tinham tantos problemas com a família real, se lhes desagradava tanto o ambiente ao ponto de terem deixado tudo para trás, mudando até de país, porque continuam a alimentar o assunto, em vez de se focarem numa nova vida? Críticas que se têm ouvido cada vez mais frequentemente e que, a generalizarem-se, podem acabar por pôr em causa os seus projetos profissionais, já que um possível desinteresse da opinião pública “desvalorizará” o seu trabalho. Por outro lado, desligarem-se completamente da família real também lhes retira interesse, pelo que é forçoso que encontrem esse ponto de equilíbrio, nomeadamente assegurando que Harry mantém ligação com o novo rei.
Esta visita de Harry a Londres, para testemunhar um dos dias mais importantes na vida do pai, poderá ser, portanto, uma forma de mostrar que cumpre os mínimos no que toca ao respeito pela instituição em que cresceu e pelo seu país e que apoia a família independentemente das mágoas. Por outro lado, Meghan fica na Califórnia, mostrando que está focada, como sempre tem proclamado, em acompanhar os dois filhos, Lilibet, de um ano, e Archie, que faz precisamente quatro anos no dia da coroação. A desculpa ideal para não viajar com o marido, o que traz ainda outro benefício, que é contrariar a ideia de que é controladora e que manipula Harry, que tem vindo a ganhar terreno até nos corredores do Palácio de Buckingham, como se confirmou no livro Our King: Charles III: The Man and the Monarch Revealed, escrito pelo jornalista e comentador de assuntos da realeza Robert Jobson e publicado há dias. Escreve o autor que no palácio se falava de Harry como “refém de Meghan” e que foi ganhando espaço uma piada que dizia que ele tinha síndrome de Estocolmo (estado psicológico em que vítimas de violência ou abuso desenvolvem afeto pelo agressor).
Um testemunho de que esta viagem a solo poderá ser uma “estratégia de marketing” chegou de uma fonte próxima da família ao jornal americano online Page Six: “Eles tiveram de tomar uma decisão que sentissem ser genuína e autêntica, especialmente depois de tudo o que foi dito. (…) O que Harry e Meghan têm dito sobre a importância da sua família está em linha com as suas ações. Eles preocupam-se com a família, por isso Meghan ficará em casa e Harry irá apoiar o pai.”
A viagem de Harry – que deverá ser muito breve, já que, diz a imprensa inglesa, planeia regressar aos Estados Unidos no próprio dia da coroação, partindo logo depois da cerimónia (o que implica falhar os vários eventos comemorativos da data que acontecem ao longo do fim de semana) e aproveitando as oito horas de diferença para chegar a casa ainda no dia de aniversário do filho – será também um pequeno passo na direção da desejada reconciliação com o pai.
Este é o primeiro encontro dos dois desde o funeral da rainha, que aconteceu antes da publicação da polémica autobiografia do príncipe, Na Sombra, um livro que, como se sabe, magoou Carlos e chocou especialmente o irmão de Harry, William. Segundo o The Telegraph, que cita outra fonte próxima, Harry e o pai terão tido uma “conversa positiva” ao telefone antes de o príncipe confirmar a sua comparência na coroação, pelo que estão reunidas as condições para um convívio sereno. A ausência de Meghan ajudará a aliviar a tensão, não só com o pai, mas sobretudo com o irmão e a cunhada, Kate. Mas não se espera nenhum tipo de contacto entre Harry, de 38 anos, e William, de 40, pois essa ferida levará mais tempo a sarar, se isso acontecer, e implicará muito mais esforço da parte dos duques de Sussex.