
Foto: D. R.
À medida que se intensifica o conflito entre Israel e a Palestina, com o ataque à faixa de Gaza a ganhar contornos de tragédia, começam também a surgir as condenações públicas. Depois de uma primeira abordagem menos crítica nas redes sociais, Rania da Jordânia expressa agora em entrevista exclusiva a Christiane Amanpour, da CNN. a sua revolta: “Só quero lembrar ao mundo que as mães palestinianas amam os seus filhos tanto quanto qualquer outra mãe no mundo”.
Sem medo das palavras, a mulher do Rei Abdulah II fez graves acusações a Israel e lembrou que a guerra entre a Palestina e a Israel não começou com o ataque do Hamas, no passado dia 7 de outubro, mas sim há muito tempo:
“A maioria das estações de televisão está a cobrir a história sob o título ‘Israel em guerra’. Mas para muitos palestinianos do outro lado do muro de separação, do outro lado do arame farpado, a guerra nunca se foi embora. Esta é uma história com 75 anos, uma história de morte e deslocação esmagadoras para o povo palestiniano. É a história de uma ocupação sob o regime do apartheid, que ocupa terras, derruba casas, confisca terras, faz incursões militares, ataques noturnos”, acusa a rainha da Jorddânia.
Nesta dura entrevista, Rania, nascida na Palestina, não poupou também os líderes ocidentais, que acusa de não terem coragem de se posicionar contra Israel e, acima de tudo, pedir o cessar fogo.
“As pessoas de todo o Médio Oriente, incluindo a Jordânia, estão chocadas e desiludidas com a reação do mundo a esta catástrofe que se está a desenrolar. Nas últimas semanas, assistimos a uma flagrante duplicidade de critérios no mundo. Quando o dia 7 de outubro aconteceu, o mundo apoiou imediata e inequivocamente Israel e o seu direito de se defender e condenou o ataque… mas o que estamos a ver nas últimas semanas é o silêncio no mundo”, confessou na entrevista à CNN.

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“O silêncio é ensurdecedor e, para muitos na nossa região, torna o mundo ocidental cúmplice”, reforçou, lembrando ainda as deploráveis e duras condições em que os habitantes de Gaza estão a viver desde que começou o cerco de Israel. Privados de água, luz, mantimentos, já morreram em consequência dos bombardeamentos e segundo o Ministério da Saúde palestiniano em Gaza, controlado pelo Hamas, mais de cinco mil pessoas, sendo que cerca de duas mil são crianças.
“Estão a dizer-nos que é errado matar uma família, uma família inteira, sob a mira de uma arma, mas que não há problema em bombardeá-los até à morte? Há aqui uma duplicidade de critérios gritante. É chocante para o mundo árabe. Como mãe, temos visto mães palestinianas que têm de escrever os nomes dos seus filhos nas mãos – porque as hipóteses de serem bombardeados até à morte, de os seus corpos se transformarem em cadáveres são muito elevadas. Só quero lembrar ao mundo que as mães palestinianas amam os seus filhos tanto quanto qualquer outra mãe no mundo.“, lembrou Rania da Jordânia numa entrevista polémica que terá, de certeza, muitas reações.