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Processo de emigração do príncipe Harry nos Estados Unidos foi tornado público, mas não totalmente.
O filho do rei Carlos III mudou-se com a família para os Estados Unidos em 2020, depois de se ter afastado dos seus deveres como membro sénior da família real britânica, porém até à data o seu visto, documento oficial que lhe permite entrar e residir no país, continua a ser motivo de polémica.
Esperava-se que o juiz que supervisiona o caso, Carl Nichols, tornasse públicos todos os documentos relacionados com o visto, ao abrigo da Lei de Liberdade de Informação (FOIA), o facto esclareceria se o duque de Sussex foi completamente honesto nos formulários que preencheu há cinco anos e não goza de privilégio especial.
No entanto, e apesar da grande expectativa gerada, os documentos que foram divulgados contêm partes censuradas, priorizando o direito do príncipe à privacidade, em detrimento do alegado interesse público.
O Gabinete de Liberdade de Informação argumentou que a divulgação do material exporia o filho mais novo do monarca britânico a danos ou assédio por parte do público e referiu que não foi encontrado qualquer tratamento preferencial no processo. Neste sentido, recordou-se ainda que a publicação de registos de imigração viola as leis de privacidade e que terceiros não podem solicitar essa informação sem autorização do beneficiário.

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Apesar desta decisão, a Heritage Foundation contrapõe que o irmão de William pode ter omitido o uso anterior de drogas no seu pedido de visto de residência, citando, para fundamentar a afirmação, excertos do seu livro de memórias Na Sombra, no qual Harry refere ter experimentado várias substâncias ilícitas.
Os pedidos de visto dos EUA exigem que os requerentes divulguem o uso passado e presente de drogas, e tais afirmações, por parte do marido de Meghan Markle, podem ser motivo para negação de permanência.
A fundação, que tem na sua base posições muito conservadoras, expressa igualmente que a publicação parcial e editada de documentos relacionados ao visto de Harry não satisfaz o seu pedido de total clareza. Segundo esta, não se trata de um ataque pessoal contra o duque de Sussex, mas uma questão de princípios jurídicos e de confiança do público no sistema.
A Heritage Foundation é apontada internamente e por observadores internacionais como tendo uma relação próxima com Donald Trump, embora na última campanha este tenha querido manter distância. E é evidente que o presidente americano não gosta de Harry e vice-versa.
Ainda assim, o chefe de Estado americano afirmou, numa entrevista ao The New York Post que não tinha intenção de deportar o príncipe, dizendo: “Vou deixá-lo em paz. Ele já tem problemas suficientes com a sua mulher. É terrível.”
Semanas depois, o seu discurso mudou. “Teremos que ver se há algo relacionado com drogas e, se ele mentiu, terão que tomar as medidas necessárias”, disse, expressando que Harry não deveria receber tratamento especial.
Recorde-se que Markle tem sido crítica da política de Trump, chamando-o de “divisivo” e “misógino”.
Processo de emigração do príncipe Harry nos Estados Unidos foi tornado público